Será que um software de legibilidade ou leiturabilidade textual é capaz de analisar o nível de compreensão e a adequação de um texto em Língua Portuguesa?
Quando nos comunicamos nossa maior preocupação é saber se estamos sendo entendidos, certo? Além disso, quando desenvolvemos um texto o fazemos para atender a um público específico, correto? Mas, como fazê-lo de forma que seja compreensível para o público em geral?
Esse é o principal problema que afeta o processo de comunicação numa relação entre governo e contribuinte; entre empresa e sociedade; entre gestor e colaborador; entre médico e paciente; entre vendedor e cliente; entre professor e aluno; e outros casos em que se busca a interação social e o consenso entre as partes..
A legibilidade indica uma qualidade que permite a facilidade de se compreender um texto em uma primeira leitura. Neste caso, o uso de palavras complexas e de sentenças longas torna a leitura difícil impedindo o entendimento entre as partes. Desta forma, a mensagem não alcança a abrangência esperada, deixando de atingir a um maior número de interessados (sejam leigos ou especialistas).
Para reduzir as falhas existentes no processo de comunicação escrita, fomos motivados a desenvolver um software de análise de legibilidade textual, que utiliza métricas originais de índices de legibilidade para a Língua Inglesa e um deles para a Língua Italiana.
O software foi desenvolvido com o uso de 5 métricas de origem inglesa que foram adaptadas para o Português (Brasileiro) com base em cem textos de diversos gêneros textuais. Quanto à métrica de origem Italiana permaneceu em sua forma original, pois não apresentou alterações em seus coeficientes após as regressões executadas para adaptação das fórmulas.
Neste sentido, aplicamos dois índices que medem a facilidade de leitura: Flesch (1948) e Gulpease (1988). Adicionamos ainda mais quatro índices que medem o nível de instrução: Gunning Fog (1952), ARI (1967), Flesch-Kincaid (1975) e Coleman-Liau (1975), sendo usados para calcular a média aritmética do nível de entendimento e o público a que se destina a mensagem. Optamos por essas métricas por apresentarem equações lineares.
Os índices de legibilidade precisam ser usados com cuidado, uma vez que suas fórmulas usam apenas duas variáveis: palavras complexas (a mensagem atende a um grupo específico) e sentenças longas (a mensagem é difícil de ser entendida). Logo, não são capazes de medir a coesão e a coerência de uma comunicação escrita, que abrange fatores semânticos, sintáticos e pragmáticos.
Assim, este software foi produzido para avaliar um maior número de textos em um menor tempo com base nas variáveis aqui destacadas, sem a consulta ao público. O que esperamos disto é gerar uma análise de conteúdo quantitativa, capaz de medir o grau de dificuldade na compreensão de um texto e o público a que se destina. Desta forma, desejamos que esta ferramenta possa contribuir para a análise de textos de autoria própria e de terceiros, a fim de propor reduções nas deficiências presentes no processo de comunicação.
Gleice Carvalho de Lima MORENO
Doutora em Ciências Contábeis e Administração, Universidade Regional de Blumenau - FURB
Docente da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, Campus Ji-Paraná.