Lista de textos considerados na adaptação das fórmulas de legibilidade textual

Física Atômica e Conhecimento Humano
Niels Bohr

O trabalho imortal de Galvani, que inaugurou uma nova era em todo o campo da ciência, ilustra brilhantemente a extrema fecundidade de uma combinação íntima da exploração das leis da natureza inanimada com o estudo das propriedades dos organismos vivos. Nesta ocasião, portanto, talvez seja oportuno examinar a atitude que os cientistas de todas as épocas têm adotado perante a questão da relação entre a física e a biologia e, em especial, discutir a perspectiva criada, nesse contexto, pelo extraordinário desenvolvimento da teoria atômica nos últimos tempos. Desde o alvorecer da ciência, a teoria atômica realmente tem estado no centro do interesse, no que diz respeito aos esforços de obter uma visão abrangente da grande diversidade de fenômenos naturais. Assim, já Demócrito, que com tão profunda intuição enfatizou a necessidade do atomismo para qualquer explicação racional das propriedades comuns da matéria, também tentou, como se sabe, utilizar idéias atomísticas para explicar as peculiaridades da vida orgânica e até da psicologia humana. Em vista do caráter fantasioso dessas concepções materialistas extremadas, foi natural que Aristóteles reagisse, com sua magistral compreensão dos conhecimentos de sua época, tanto na física quanto na biologia, rejeitando por completo a teoria dos átomos, e tentasse fornecer um arcabouço suficientemente amplo para uma explicação da profusão dos fenômenos naturais com base em idéias essencialmente teleológicas. Por sua vez, o exagero da doutrina aristotélica foi claramente trazido à luz pelo reconhecimento gradativo de leis elementares da natureza, válidas tanto para os corpos inanimados quanto para os organismos vivos. Ao pensarmos no estabelecimento dos princípios da mecânica, que viriam a se tornar o próprio fundamento da ciência física, talvez não seja sem interesse, nesse contexto, perceber que a descoberta de Arquimedes do princípio de equilíbrio dos objetos flutuantes — que, segundo uma conhecida tradição, foi-lhe sugerido pela sensação de elevação de seu próprio corpo numa banheira — poderia igualmente ter-se baseado na experiência comum da perda de peso das pedras na água. Do mesmo modo, devemos considerar bastante acidental que Galileu tenha sido levado ao reconhecimento das leis fundamentais da dinâmica observando o movimento pendular de um candelabro na bela catedral de Pisa, e não olhando para urna criança num balanço. Essas analogias puramente externas foram de pouca monta, é claro, para o crescente reconhecimento da unidade essencial dos princípios que regem os fenômenos naturais, comparadas às semelhanças profundas entre os organismos vivos e a maquinaria técnica que foram reveladas pelos estudos da anatomia e da fisiologia, intensamente efetuados na época do Renascimento, sobretudo aqui na Itália. A nova abordagem experimental da filosofia natural — igualmente incentivada pela ampliação da imagem do mundo, graças à visão de Copérnico, e pela elucidação dos mecanismos circulatórios nos corpos dos animais, inaugurada pela grande descoberta de Harvey - abriu perspectivas que talvez tenham se expressado de forma mais marcante na obra de Borelli, que conseguiu esclarecer com detalhes muito minuciosos a função mecânica do esqueleto e dos músculos nos movimentos dos animais. O caráter clássico dessa obra em nada é prejudicado pelas tentativas do próprio Borelli e de seus seguidores de explicar também a ação nervosa e a secreção glandular por meio de modelos mecânicos primitivos, cuja evidente arbitrariedade e primarismo logo suscitaram uma crítica generalizada, ainda lembrada pela designação semiirônica de "iatrofísicos" que ficou ligada aos adeptos da escola boreliana. Do mesmo modo, os esforços - sólidos em sua base - de aplicar o crescente conhecimento das transformações tipicamente químicas da matéria a processos fisiológicos, que encontraram um expoente tão entusiástico em Sylvius, levaram rapidamente, pelo exagero das semelhanças superficiais da digestão e da fermentação com as reações inorgânicas mais simples, e por sua aplicação precipitada para fins médicos, a uma oposição que se expressou na rotulação desses esforços prematuros como "iatroquímica". Para nós, são evidentes as razões dos insucessos desses esforços pioneiros em utilizar a física e a química numa explicação abrangente das propriedades dos organismos vivos. Não apenas era preciso esperar pela época de Lavoisier para que se revelassem os princípios elementares da química, que abririam caminho para o entendimento da respiração e, mais tarde, forneceriam a base para o extraordinário desenvolvimento da chamada química orgânica, como também, antes das descobertas de Galvani, todo um aspecto fundamental das leis da física ainda permanecia oculto.

Administração pública
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A administração pública (ou gestão pública) se define como o poder de gestão do Estado, no qual inclui o poder de legislar e tributar, fiscalizar e regulamentar, através de seus órgãos e outras instituições; visando sempre um serviço público efetivo. A administração se define através de um âmbito institucional-legal, baseada na Constituição, leis e regulamentos. Originou-se na França, no fim do século XVIII, mas só se consagrou como ramo autônomo do direito com o desenvolvimento do Estado de Direito. Teve como base os conceitos de serviço público, autoridade, poder público e especialidade de jurisdição. Os princípios norteadores da administração pública e do próprio direito administrativo foram os da separação das autoridades administrativas e judiciária; da legalidade; da responsabilidade do poder público; e, decisões executórias dos atos jurídicos, emitidos unilateralmente. Um problema comum na administração pública é que as decisões executórias, através das criadas autoridades administrativas (criadas através da separação destas das autoridades judiciárias, o que foi um dos princípios norteadores dessa atividade), frequentemente conferem privilégios à administração pública, contrapondo-se ao ideal de igualdade perante a lei. Essas prerrogativas e privilégios que lhe são outorgadas, permitem-lhe assegurar a supremacia do interesse público sobre o particular. É importante, assim, que decorra da lei o fundamento para as decisões administrativas. São indicadas por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello duas versões para a origem do vocábulo administração. A primeira é que esta vem de ad (preposição) mais ministro, mais are (verbo), que significa servir, executar; já a segunda vem de ad manus trahere, que envolve ideia de direção ou gestão. Nas duas hipóteses, há o sentido de relação de subordinação, de hierarquia. O mesmo autor demonstra que a palavra administrar significa não só prestar serviço, executá-lo, como também dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil; até em sentido vulgar, administrar quer dizer traçar um programa de ação e executá-lo ou também tendo a definição que Administrar é: Coordenar, Planejar, Controlar, Padronizar, Organizar e Executar. O gestor público tem como função gerir, administrar de forma ética, técnica e transparente a coisa pública, seja esta órgãos, departamentos ou políticas públicas visando o bem comum da comunidade a que se destina e em consonância com as normas legais e administrativas vigentes. Na Europa, existem basicamente quatro modelos de gestão da administração pública, o modelo nórdico (Dinamarca, Finlândia, Suécia e Países Baixos), o modelo anglo-saxão (Reino Unido e Irlanda), o modelo renano ou continental (Áustria, Bélgica, França, Alemanha e Luxemburgo) e o modelo mediterrâneo (Grécia, Itália, Portugal e Espanha). Fora da Europa, países de colônia inglesa quase em sua totalidade adotam o modelo anglo-saxão. Na América Latina a preferência é o modelo mediterrâneo, a exemplo do Brasil. Na Ásia, especialmente no Japão e na Coreia do Sul adotam um modelo semelhante ao renano e ao mediterrâneo. Quanto ao Brasil, o país adotou ao longo de sua história três modelos de administração do Estado: o patrimonialista, em que não havia diferenciação entre os bens públicos e privados; o burocrático, advindo da desorganização do Estado na prestação dos serviços públicos, além da corrupção e do nepotismo; e por fim, o modelo gerencial, fruto das mudanças da segunda metade do século XX. Esse modelo, apesar de não ser estático, se encontra dessa maneira no Brasil, visto que a influência do Direito Administrativo francês acaba por lhe conferir uma maior rigidez organizacional. Contudo, o país também sofreu interferências norte-americanas, através do presidencialismo, o que imprimiu uma flexibilidade e politização na Administração brasileira. Apenas, com a Carta Magna de 1988 que a legislação tornou-se mais rígida em relação à burocracia. A "reestruturação das bases do projeto brasileiro", para a inovação do modelo administrativo, só veio com a implantação do "Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado" (PDRAE), em 1995. Essa mudança não desprezou as características dos antigos modelos, entretanto, seu avanço se garantiu pela implementação de uma administração mais autônoma e responsável perante a sociedade.

Análise dos relatórios das auditorias
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Assegurar o correto gerenciamento dos recursos públicos, promover uma boa governança e combater os desvios são problemáticas preocupantes não apenas aos brasileiros, pois estudos sobre a corrupção são amplamente abordados em diversos países e sob vários enfoques. Segundo Sousa, Souto e Nicolau (2017, p. 163), diversos escândalos de natureza contábil, decorrentes de fraudes e/ou corrupção, a busca pela eficiência e eficácia operacional para o retorno financeiro dos acionistas ou alcance das demandas sociais, e os requisitos de observância de um conjunto de regramentos e normas cada vez mais amplo e complexo exigido das organizações, mantêm o tema do risco e controle sob o foco da atenção de gestores e pesquisadores nas áreas pública e privada. Os controles internos das organizações atuam em conjunto para promover, de forma equilibrada, as ações necessárias ao atingimento dos objetivos da entidade e para definir as limitações ao comportamento dos atores envolvidos neste processo que possam conduzir a um direcionamento inadequado ou inescrupuloso das suas operações e/ou dos objetivos traçados (WALSH; SEWARD,1990; CHUNG; CHONG; JUNG,1997.). No setor público, onde há preocupação com o bom uso dos recursos públicos, seguir princípios de regulação e legalidade são exigências cotidianas, e a preocupação com os controles internos como forma a apoiar os gestores da missão de administrar, subsidiar o controle externo e fomentar o controle social deve estar incorporada à realidade do setor de forma ampla. A ideia central é que as instituições de controle produzam inteligência capaz de melhorar áreas vulneráveis à corrupção ou de fraco desempenho em políticas públicas, o que pode torná-las não apenas menos suscetíveis à corrupção, mas também mais eficientes no desempenho de suas atividades. O Controle da Administração Pública afeta não só a conduta dos governantes, como também os projetos de políticas públicas por eles elaborados. Nas últimas décadas, houve significativos avanços ocorridos no fomento ao Controle na Administração Pública nos últimos anos (Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei de Acesso a Informação, Lei Anticorrupção). Todavia, escândalos recentes como o da “operação lava a jato” evidencia um grande número de casos de corrupção nas entidades públicas, causado pela má utilização dos recursos públicos, com grande repercussão nos meios de comunicação, que implica elevada percepção de corrupção pela população, deixando clara a necessidade de melhores sistemas de Controle Interno nessas entidades. A título de ilustração, o Brasil caiu nove posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) em 2018 em comparação a 2017, ocupando a 105ª colocação entre 180 países avaliados. No que tange as finanças públicas, segundo pesquisa realizada em dezembro de 2018 pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), um terço dos municípios brasileiros encerraram as contas do exercício com dificuldade para pagar fornecedores e, até mesmo, para quitar em dia as folhas de pagamento de dezembro e o 13º salário dos servidores. Esse cenário ainda é mais crítico no Estado de Pernambuco, onde, segundo o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE/PE), dos 184 municípios de Pernambuco, 108 superaram o teto de gastos estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Demonstrações Contábeis
Renosa Participações S.A.

Após o reconhecimento inicial, o ágio é mensurado pelo custo, deduzido de quaisquer perdas acumuladas do valor recuperável. Para fins de teste do valor recuperável, o ágio adquirido em uma combinação de negócios é, a partir da data de aquisição, alocado a cada uma das unidades geradoras de caixa da Companhia que se espera sejam beneficiadas pelas sinergias da combinação, independentemente de outros ativos ou passivos da adquirida serem atribuídos a essas unidades. Quando um ágio fizer parte de uma unidade geradora de caixa e uma parcela dessa unidade for alienada, o ágio associado à parcela alienada deve ser incluído no custo da operação ao apurar-se o ganho ou a perda na alienação. O ágio alienado nessas circunstâncias é apurado com base nos valores proporcionais da parcela alienada em relação à unidade geradora de caixa mantida. Os investimentos da Companhia em suas controladas e coligadas são contabilizados com base no método da equivalência patrimonial. Uma controlada é uma entidade sobre a qual a Companhia exerça influência significativa. Coligada é uma entidade sobre a qual a Companhia exerce influência significativa, mas sem deter o controle. Os demais investimentos permanentes são registrados pelo custo de aquisição deduzido da provisão para desvalorização, quando aplicável. O ágio relacionado com as controladas é incluído no valor contábil do investimento, não sendo amortizado. Em função de o ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill), integrar o valor contábil do investimento nas controladas (não é reconhecido separadamente), ele não é testado separadamente em relação ao seu valor recuperável. A demonstração do resultado reflete a parcela dos resultados das operações das controladas. Quando uma mudança for diretamente reconhecida no patrimônio das controladas, a Companhia reconhecerá sua parcela nas variações ocorridas e divulgará esse fato, quando aplicável, na demonstração das mutações do patrimônio líquido. Os ganhos e perdas não realizados, resultantes de transações entre a Companhia e as controladas, quando aplicável, são eliminados de acordo com a participação mantida na controlada. A participação societária nas controladas será demonstrada na demonstração do resultado como equivalência patrimonial, representando o lucro líquido atribuível aos acionistas da controlada. As demonstrações contábeis das controladas são elaboradas para o mesmo período de divulgação que a Companhia. Quando necessário, são efetuados ajustes para que as políticas contábeis estejam de acordo com as adotadas pela Companhia. Após a aplicação do método da equivalência patrimonial, a Companhia determina se é necessário reconhecer perda adicional do valor recuperável sobre o investimento da Companhia em suas controladas. A Companhia determina, em cada data de fechamento do balanço patrimonial, se há evidência objetiva de que o investimento nas controladas sofreu perda por redução ao valor recuperável. Se assim for, a Companhia calcula o montante da perda por redução ao valor recuperável como a diferença entre o valor recuperável da controlada e o valor contábil e reconhece o montante na demonstração do resultado. Quando ocorrer perda de influência significativa sobre as controladas, a Companhia avaliará e reconhecerá o investimento neste momento a valor justo. Será reconhecida no resultado qualquer diferença entre o valor contábil da controlada no momento da perda de influência significativa e o valor justo do investimento remanescente e resultados da venda. As demonstrações contábeis são apresentadas em Reais (R$), que é a moeda funcional da Companhia e de suas controladas. Em todas as informações financeiras apresentadas em reais os valores foram arredondados para o milhar mais próximo, exceto quando indicado de outra forma. As transações em moeda estrangeira são contabilizadas utilizando-se a taxa de câmbio vigente na data da respectiva transação. Os ativos e passivos denominados em moeda estrangeira são convertidos pela taxa de câmbio na data do balanço patrimonial. As variações cambiais são reconhecidas na demonstração do resultado quando incorridas. A receita é reconhecida na extensão em que for provável que benefícios econômicos serão gerados para a Companhia e quando possa ser mensurada de forma confiável. A receita é mensurada com base no valor justo da contraprestação recebida, excluindo descontos, abatimentos e impostos ou encargos sobre vendas. A Companhia avalia as transações de receita de acordo com os critérios específicos para determinar se está atuando como agente ou principal e, concluiu que está atuando como principal em todos os seus contratos de receita. Os critérios específicos, a seguir, devem também ser satisfeitos antes de haver reconhecimento de receita:

Existencialismo
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Existencialismo é um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuírem profundas diferenças em termos de doutrinas, partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. Muitos existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstratas e longínquas das experiências humanas concretas. O filósofo Søren Kierkegaard, do início do século XIX, é geralmente considerado como o pai do existencialismo. Ele sustentava a ideia que o indivíduo é o único responsável em dar significado à sua vida e em vivê-la de maneira sincera e apaixonada, apesar da existência de muitos obstáculos e distracções como o desespero, ansiedade, o absurdo, a alienação e o tédio. Filósofos existencialistas posteriores retêm esta ênfase no aspecto do indivíduo, mas diferem, em diversos graus, em como cada um atinge uma vida gratificante e no que ela constitui, que obstáculos devem ser ultrapassados, que factores internos e externos estão envolvidos, incluindo as potenciais consequências da existência ou não existência de Deus. O existencialismo tornou-se popular nos anos após as guerras mundiais, como maneira de reafirmar a importância da liberdade e individualidade humana. O existencialismo é um movimento filosófico e literário distinto pertencente aos séculos XIX e XX, mas os seus elementos podem ser encontrados no pensamento (e vida) de Sócrates, Agostinho de Hipona e no trabalho de muitos filósofos e escritores pré-modernos. Culturalmente, podemos identificar pelo menos duas linhas de pensamento existencialista: alemã-dinamarquesa e anglo-francesa. As culturas judaica e russa também contribuíram para esta filosofia. O movimento filosófico é agora conhecido como existencialismo de Beauvoir. Após ter experienciado vários distúrbios civis, guerras locais e duas guerras mundiais, algumas pessoas na Europa foram forçadas a concluir que a vida é inerentemente miserável e irracional. O existencialismo foi inspirado nas obras de Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski, Karl Jaspers e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger, e foi particularmente popularizado em meados do século XX pelas obras do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre e da escritora e filósofa Simone de Beauvoir. Os mais importantes princípios do movimento são expostos no livro de Sartre L'Existentialisme est un humanisme ("O existencialismo é um humanismo"). O termo "existencialismo" parece ter sido cunhado pelo filósofo francês Gabriel Marcel em meados da década de 1940 e adoptado por Jean-Paul Sartre que, em 29 de Outubro de 1945, discutiu a sua própria posição existencialista numa palestra dada no Club Maintenant em Paris e publicada como O Existencialismo É um Humanismo, um pequeno livro que teve um papel importante na divulgação do pensamento existencialista. O rótulo foi aplicado retrospectivamente a outros filósofos para os quais a existência e, em particular, a existência humana eram tópicos filosóficos fundamentais. Martin Heidegger tornou a existência humana (Dasein) o foco do seu trabalho desde a década de 1920 e Karl Jaspers denominou a sua filosofia com o termo "Existenzphilosophie" na década de 1930. Quer Heidegger quer Jaspers tinham sido influenciados pelo filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Para Kierkegaard, a crise da existência humana foi um tema maior na sua obra. Ele tornou-se visto como o primeiro existencialista, e mesmo chamado como o "pai do existencialismo". De facto, foi o primeiro de maneira explícita a colocar questões existencialistas como foco principal da obra. Em retrospectiva, outros escritores também discutiram temas existencialistas ao longo da história da literatura e filosofia. Devido à exposição dos temas existencialistas ao longo das décadas, quando a sociedade foi oficialmente introduzida ao tema, o termo tornou-se relativamente popular quase de imediato. Na literatura, após a Segunda Guerra Mundial, houve uma corrente existencialista que contou com Albert Camus e Boris Vian, além do próprio Sartre. É importante notar que Albert Camus, filósofo além de literato, ia contra o existencialismo, sendo este somente característica de sua obra literária. Já Boris Vian definia-se patafísico.

Mecânica Quântica
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A mecânica quântica (também conhecida como física quântica, teoria quântica, modelo mecânico de ondas e mecânica de matriz) é a teoria física que obtém sucesso no estudo dos sistemas físicos cujas dimensões são próximas ou abaixo da escala atômica, tais como moléculas, átomos, elétrons, prótons e de outras partículas subatômicas, muito embora também possa descrever fenômenos macroscópicos em diversos casos.[2] A mecânica quântica é um ramo fundamental da física com vasta aplicação. A teoria quântica fornece descrições precisas para muitos fenômenos previamente inexplicados tais como a radiação de corpo negro e as órbitas estáveis do elétron. Apesar de, na maioria dos casos, a Mecânica Quântica ser relevante para descrever sistemas microscópicos, os seus efeitos específicos não são somente perceptíveis em tal escala. Por exemplo, a explicação de fenômenos macroscópicos como a super fluidez e a supercondutividade só é possível se considerarmos que o comportamento microscópico da matéria é quântico. A quantidade característica da teoria, que determina quando ela é necessária para a descrição de um fenômeno, é a chamada constante de Planck, que tem dimensão de momento angular ou, equivalentemente, de ação. A mecânica quântica recebe esse nome por prever um fenômeno bastante conhecido dos físicos: a quantização. No caso dos estados ligados (por exemplo, um elétron orbitando em torno de um núcleo positivo) a Mecânica Quântica prevê que a energia (do elétron) deve ser quantizada. Este fenômeno é completamente alheio ao que prevê a teoria clássica. A palavra “quântica” (do Latim quantum) quer dizer quantidade. Na mecânica quântica, esta palavra refere-se a uma unidade discreta que a teoria quântica atribui a certas quantidades físicas, como a energia de um elétron contido num átomo em repouso. A descoberta de que as ondas eletromagnéticas podem ser explicadas como uma emissão de pacotes de energia (chamados quanta) conduziu ao ramo da ciência que lida com sistemas moleculares, atômicos e subatômicos. Este ramo da ciência é atualmente conhecido como mecânica quântica. A mecânica quântica é a base teórica e experimental de vários campos da Física e da Química, incluindo a física da matéria condensada, física do estado sólido, física atômica, física molecular, química computacional, química quântica, física de partículas, e física nuclear. Os alicerces da mecânica quântica foram estabelecidos durante a primeira metade do século XX por Albert Einstein, Werner Heisenberg, Max Planck, Louis de Broglie, Niels Bohr, Erwin Schrödinger, Max Born, John von Neumann, Paul Dirac, Wolfgang Pauli, Richard Feynman e outros. Alguns aspectos fundamentais da contribuição desses autores ainda são alvo de investigação. Normalmente é necessário utilizar a mecânica quântica para compreender o comportamento de sistemas em escala atômica ou molecular. Por exemplo, se a mecânica clássica governasse o funcionamento de um átomo, o modelo planetário do átomo – proposto pela primeira vez por Rutherford – seria um modelo completamente instável. Segundo a teoria eletromagnética clássica, toda a carga elétrica acelerada emite radiação. Por outro lado, o processo de emissão de radiação consome a energia da partícula. Dessa forma, o elétron, enquanto caminha na sua órbita, perderia energia continuamente até colapsar contra o núcleo positivo. Em física, chama-se "sistema" um fragmento concreto da realidade que foi separado para estudo. Dependendo do caso, a palavra sistema refere-se a um elétron ou um próton, um pequeno átomo de hidrogênio ou um grande átomo de urânio, uma molécula isolada ou um conjunto de moléculas interagentes formando um sólido ou um vapor. Em todos os casos, sistema é um fragmento da realidade concreta para o qual deseja-se chamar atenção. Dependendo da partícula pode-se inverter polarizações subsequentes de aspecto neutro. A especificação de um sistema físico não determina unicamente os valores que experimentos fornecem para as suas propriedades (ou as probabilidades de se medirem tais valores, em se tratando de teorias probabilísticas). Além disso, os sistemas físicos não são estáticos, eles evoluem com o tempo, de modo que o mesmo sistema, preparado da mesma forma, pode dar origem a resultados experimentais diferentes dependendo do tempo em que se realiza a medida (ou a histogramas diferentes, no caso de teorias probabilísticas). Essa ideia conduz a outro conceito-chave: o conceito de "estado". Um estado é uma quantidade matemática (que varia de acordo com a teoria) que determina completamente os valores das propriedades físicas do sistema associadas a ele num dado instante de tempo (ou as probabilidades de cada um de seus valores possíveis serem medidos, quando se trata de uma teoria probabilística). Em outras palavras, todas as informações possíveis de se conhecer em um dado sistema constituem seu estado.

Relatórios dos auditores independentes sobre as demonstrações - UNIMED

Examinamos as demonstrações financeiras da UNIMED REGIONAL MARINGÁ – Cooperativa de Trabalho Médico, que compreendem o Balanço Patrimonial em 31 de dezembro de 2018 e as respectivas Demonstrações de Sobras ou Perdas, do Resultado Abrangente, das Mutações do Patrimônio Líquido e dos Fluxos de Caixa para o exercício findo naquela data, bem como as correspondentes notas explicativas, incluindo o resumo das principais políticas contábeis. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da UNIMED REGIONAL MARINGÁ – Cooperativa de Trabalho Médico em 31 de dezembro de 2018, o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo nessa data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, aplicáveis às entidades supervisionadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Nossa auditoria foi conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Nossas responsabilidades, em conformidade com tais normas, estão descritas na seção a seguir, intitulada “Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações financeiras”. Somos independentes em relação à Operadora, de acordo com os princípios éticos relevantes previstos no Código de Ética Profissional do Contador e nas normas profissionais emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, e cumprimos com as demais responsabilidades éticas de acordo com essas normas. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião. Conforme divulgado na nota explicativa 03, letra “t”, a Operadora procedeu alteração de prática contábil para contabilização das operações de compartilhamento da gestão de riscos envolvendo operadoras de planos de assistência à saúde, conforme determina RN 430/17, da ANS. Os valores referentes ao período de janeiro a dezembro/2018 foram integralmente contabilizados no mês de dezembro/2018, com base em relatórios disponibilizados pela Unimed do Brasil, relativo às transações de intercâmbio habitual (atendimentos eletivos recorrentes), refletindo de forma relevante nas contraprestações de planos de saúde e eventos indenizáveis líquidos, porém sem efeito material no patrimônio líquido da Operadora. A Operadora não procedeu os ajustes no exercício de 2017 para fins de comparabilidade com a mudança da prática contábil no exercício de 2018. A opinião manifestada no parágrafo anterior não se modifica em razão da ênfase apresentada acima. As demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2017, apresentadas para fins de comparabilidade, foram por nós auditadas e o relatório de opinião sobre as mesmas foi emitido em 22 de fevereiro de 2018, sem ressalva. A administração da Operadora é responsável por essas outras informações que compreendem o Relatório da Administração. Nossa opinião sobre as demonstrações financeiras não abrange o Relatório da Administração e não expressamos qualquer forma de conclusão de auditoria sobre esse relatório. Em conexão com a auditoria das demonstrações financeiras, nossa responsabilidade é a de ler o Relatório da Administração e, ao fazê-lo, considerar se esse relatório está, de forma relevante, inconsistente com as demonstrações financeiras ou com o nosso conhecimento obtido na auditoria ou, de outra forma, aparenta estar distorcido de forma relevante. Se, com base no trabalho realizado, concluirmos que há distorção relevante no Relatório da Administração, somos requeridos a comunicar esse fato. Não temos nada a relatar a este respeito.

Teoria Geral do Processo

O processo pode ser definido como o instrumento por meio do qual a jurisdição é exercida, sendo essa última caracterizada por tutelar as situações jurídicas deduzidas nesse processo. Tais situações correspondem, de modo geral, ao mérito do processo; logo, afirma-se que todo processo traz, ao menos, uma situação de direito material que necessita de tutela jurisdicional. Assim, à abordagem do processo tendo em vista a relação estabelecida entre o processo e a relação material que carece de tutela jurisdicional, dá se o nome de instrumentalismo. O processo é, também, um instrumento viabilizador do exercício, pelo magistrado, da função jurisdicional, que, por sua vez, só será legítima na medida em que proporcionar às partes a participação e a possibilidade de influência na decisão a ser proferida. A função jurisdicional deverá, também, ser exercida respeitando os princípios, entre outros, do contraditório e da legalidade. Então, pode-se extrair o conceito de processo como o conjunto de atos que constitui relação jurídica capaz de gerar obrigações, ônus, poderes e faculdades às partes que a compõem. Por fim, a natureza jurídica do processo é reconhecida, atualmente, como de categoria jurídica autônoma, sendo estabelecida discussão dentre diversas correntes, que serão discutidas abaixo. Teorias sobre a natureza jurídica do processo: a) Teorias privatistas i) Processo como um contrato: identifica o processo como um contrato, por meio do qual as partes se submetiam à decisão que viesse a ser proferida. ii) Processo como um quase-contrato: assim como a precedente, essa teoria foi construída sobre fragmentos do direito romano. Baseia-se na constatação de que, conquanto o processo não possa ser considerado um contrato, diante das contundentes críticas formuladas contra a teoria anterior, dele decorrem obrigações que vinculam as partes. b) Teoria da relação jurídica processual: Com a publicação, na Alemanha, da obra “Teoria dos pressupostos processuais e das exceções dilatórias”, de Oskar von Bülow, em 1868, iniciou-se a sistematização da relação processual, distinta da relação de direito material, abrindo espaço para que o direito processual lograsse autonomia científica. Assim, Bülow identificou o processo com uma relação jurídica — eis que decorreriam para os seus sujeitos direitos e obrigações — distinta da relação jurídica material, tendo em vista que ambas as relações possuíam sujeitos, objeto e pressupostos distintos. Destacou-se das demais teorias não só pela identificação dos dois planos de relações, mas também pela sistematização ordenadora da conduta dos sujeitos processuais em suas relações recíprocas. c) Teoria do processo como situação jurídica: Segundo o alemão James Goldschmidt, a única relação jurídica existente seria a de direito material, não havendo direitos processuais, mas meras expectativas de se obter vantagem. Assim, o processo constituiria uma série de situações jurídicas, concretizando para as partes direitos, deveres, faculdades, poderes, sujeições, ônus etc. Tal teoria, entretanto, foi esvaziada por não conseguir afastar a noção de relação jurídica processual, contribuindo, contudo, para o enriquecimento da ciência processual a partir do desenvolvimento e incorporação na doutrina dos conceitos de faculdades, ônus, sujeições, bem como da relação funcional de natureza administrativa entre juiz e Estado.

Tese de doutorado
Félix Ferreira Bernardo

Equações em diferenças são frequentemente usadas para modelar aproximações para equações diferenciais o que permite o subsequente uso de métodos numéricos computacionais. Em outras situações, as equações em diferenças aparecem naturalmente e descrevem relações de recorrência ou a evolução de sistemas naturais, por exemplo, se uma população tem gerações discretas, o tamanho da população na n + 1-ésima geração u(n + 1) é função da n-ésima geração 1 u(n). Por outro lado, o Cosmos 2, é ordenado pelas suas leis naturais mas elas são essencialmente não lineares e complexas, de onde, quando analisamos processos do mundo real usando equações diferenciais, é quase sempre impossível obter soluções explícitas de forma fechada, ou seja, expressões analíticas algébricas ou transcendentais que representem a solução do problema. Noutros casos existe solução em forma fechada mas esta é demasiado complexa para ser analisada. Pode-se então discretizar a equação, transformando-a numa equação em diferenças e estudar as soluções aproximadas que obtemos. Ainda assim nos problemas mais complicados (não lineares) é usualmente impossível obter a fórmula de u(n). Numa entrevista recente (CORDARO; SALOMÃO, 2009), por ocasião da sua visita ao Brasil, Peter Lax referiu: "Quando Von Neumann foi pela primeira vez a Los Alamos a ênfase era em projetar bombas. Só que você não pode projetar armas atômicas por tentativa e erro, você tem que calcular com antecedência como o aparato irá funcionar. Isto significa resolver a equação que governa a compressão dos materiais. Von Neumann percebeu quase imediatamente que os métodos da matemática aplicada clássica e tradicional eram inadequados para a tarefa e a única maneira de cumpri-la era transformar as equações diferenciais parciais em equações em diferenças e resolvê-las num computador." Então uma nova abordagem é possível, a teoria das equações em diferenças está suficientemente desenvolvida para podermos responder a muitas questões relevantes do problema fazendo uma análise qualitativa das soluções discretas mesmo sem as conhecer explicitamente. O comportamento assintótico é um aspecto muito importante do estudo qualitativo das soluções de equações em diferenças. Em muitos problemas encontramos quantidades cujo estudo é valioso mas para as quais não temos fórmulas exatas conhecidas, ou então as fórmulas são demasiado complexas; nesses casos podemos deduzir aproximações para essas quantidades quando o argumento tende para o infinito. Nas aplicações, tais aproximações são frequentemente tão úteis quanto uma fórmula exata seria. A análise assintótica é um método essencial para descrever o comportamento limite e uma ferramenta-chave para explorar as equações de evolução que surgem na modelagem matemática de fenômenos do mundo real. A teoria das equações em diferenças permite igualmente responder a perguntas tais como, qual a natureza topológica do conjunto solução? As soluções serão limitadas em algum sentido? Serão periódicas? Quase periódicas? Como se comporta a solução se a equação sofrer uma pequena perturbação? Propriedades da equação permitem inferir propriedades das soluções da equação com perturbações? A nossa curiosidade e em parte, a nossa presença no mundo, só é possível porque conhecemos as relações de causa-efeito no ambiente de que fazemos parte. A abordagem qualitativa é uma ferramenta valiosa para entendermos e agirmos sobre o mundo. Esta tese insere-se nessa linha e é o nosso modesto contributo para a análise qualitativa de equações em diferenças de tipo Volterra. Equações integrais de Volterra são um tipo especial de equações integrais. Estas equações foram introduzidas por Vito Volterra, matemático e físico italiano. Volterra é conhecido pelas suas contribuições para a Matemática, Biologia, equações integrais e para a fundação da Análise Funcional. Traian Lalescu estudou equações integrais de Volterra na sua tese Sur l’équation de Volterra apresentada em 1908 na Sorbonne (LALESCO, 1908) (disponível para download no link apresentado na bibliografia), elaborada sob a orientação de Emile Picard. Lalescu escreveu o primeiro livro sobre equações integrais (LALESCO, 1912) em 1912, prefaciado por Picard (disponível para leitura no link apresentado na bibliografia). Foi longa e profícua a amizade e colaboração destes dois matemáticos.

A Filosofia entre a Religião e a Ciência
Bertrand Russel

O poder secular, ao contrário, estava nas mãos de reis e barões de origem teutônica, os quais procuravam preservar, o máximo possível, as instituições que haviam trazido as florestas da Alemanha. O poder absoluto era alheio a essas instituições, como também era estranho, a esses vigorosos conquistadores, tudo aquilo que tivesse aparência de uma legalidade monótona e sem espírito. O rei tinha de compartilhar seu poder com a aristocracia feudal, mas todos esperavam, do mesmo modo, que lhes fosse permitido, de vez em quando, uma explosão ocasional de suas paixões em forma de guerra, assassínio, pilhagem ou rapto. é possível que os monarcas se arrependessem, pois eram sinceramente piedosos e, afinal de contas, o arrependimento era em si mesmo uma forma de paixão. A Igreja, porém, jamais conseguiu produzir neles a tranqüila regularidade de uma boa conduta, como a que o empregador moderno exige e, às vezes, consegue obter de seus empregados. De que lhes valia conquistar o mundo, se não podiam beber, assassinar e amar como o espírito lhes exigia? E por que deveriam eles, com seus exércitos de altivos, submeter-se ás ordens de homens letrados, dedicados ao celibato e destituídos de forças armadas? Apesar da desaprovação eclesiástica, conservaram o duelo e a decisão das disputas por meio das armas, e os torneios e o amor cortesão floresceram. às vezes, num acesso de raiva, chegavam a matar mesmo eclesiásticos eminentes. Toda a força armada estava do lado dos reis, mas, não obstante, a Igreja saiu vitoriosa. A Igreja ganhou a batalha, em parte, porque tinha quase todo o monopólio do ensino e, em parte, porque os reis viviam constantemente em guerra. uns com os outros; mas ganhou-a, principalmente, porque, com muito poucas exceções, tanto os governantes como ó povo acreditavam sinceramente que a Igreja possuía as chaves do céu. A Igreja podia decidir se um rei devia passar a eternidade no céu ou no inferno; a Igreja podia absolver os súditos do dever de fidelidade e, assim, estimular a rebelião. Além disso, a Igreja representava a ordem em lugar da anarquia e, por conseguinte, conquistou o apoio da classe mercantil que surgia. Na Itália, principalmente, esta última consideração foi decisiva. A tentativa teutônica .de preservar pelo menos uma independência. parcial da Igreja manifestou-se não apenas na política, mas, também, na arte, no romance, no cavalheirismo e na guerra. Manifestou-se muito pouco no mundo intelectual, pois o ensino se achava quase inteiramente nas mãos do clero. A filosofia explícita da Idade Média não é um espelho exato da época, mas apenas do pensamento de um grupo. Entre os eclesiásticos, porém - principalmente entre os frades franciscanos - havia alguns que, por várias razões, estavam em desacordo com o Papa. Na Itália, ademais, a cultura estendeu-se aos leigos alguns séculos antes de se estender até ao norte dos Alpes. Frederico II, que procurou fundar uma nova religião, representa o extremo da cultura antipapista; Tomás de Aquino, que nasceu no reino de Nápoles, onde o poder de Frederico era supremo, continua sendo até hoje o expoente clássico da filosofia papal. Dante, cerca de cinqüenta anos mais tarde, conseguiu chegar a uma síntese, oferecendo a única exposição equilibrada de todo o mundo ideológico medieval. Depois de Dante, tanto por motivos políticos como intelectuais, a síntese filosófica medieval se desmoronou. Teve ela, enquanto durou, uma qualidade de ordem e perfeição de miniatura: qualquer coisa de que esse sistema se ocupasse, era colocada com precisão em relação com o que constituía o seu cosmo bastante limitado. Mas o Grande Cisma, o movimento dos Concílios e o papado da renascença produziram a Reforma, que destruiu a unidade do Cristianismo e a teoria escolástica de governo que girava em torno do Papa. No período da Renascença, o novo conhecimento, tanto da antigüidade como da superfície da terra, fez com que os homens se cansassem de sistemas, que passaram a ser considerados como prisões mentais. A astronomia de Copérnico atribuiu á terra e ao homem uma posição mais humilde do que aquela que haviam desfrutado na teoria de Ptolomeu. O prazer pelos fatos recentes tomou o lugar, entre os homens inteligentes, do prazer de raciocinar, analisar e construir sistemas. Embora a Renascença, na arte, conserve ainda uma determinada ordem, prefere, quanto ao que diz respeito ao pensamento, uma ampla e fecunda desordem. Neste sentido, Montaigne é o mais típico expoente da época.

Algoritmos
Thomas R. Cormen

Informalmente, um algoritmo é qualquer procedimento computacional bem definido que toma algum valor ou conjunto de valores como entrada e produz algum valor ou conjunto de valores como saúda. Portanto, um algoritmo é uma sequência de passos computacionais que transformam a entrada na saída. Também podemos visualizar um aigoritmo como uma ferramenta para resolver um problema computacional bem especificado. O enunciado do problema especifica em termos gerais o relacionamento entre a entrada e a saida desejada. O algoritmo descreve um procedimento computacional específico para se alcançar esse relacionamento da entrada com a saída. Por exemplo, poderia ser necessário ordenar uma sequência de números em ordem não decrescente. Esse problema surge com frequência na prática e oferece um solo fértil para a introdução de muitas técnicas de projeto padrão e ferramentas de análise. Vejamos como definir formalmente o problema de ordenação: Dada uma sequência de entrada como (3 1,4 1,59,26,4 1,58), um algoritmo de ordenação retorna como saída a sequência (26,31,41,41,58,59). Uma sequência de entrada como essa é chamada uma instância do problema de ordenação. Em geral, uma instância de um problema consiste na entrada (que satisfaz a quaisquer restrições impostas no enunciado do problema) necessária para se calcular uma solução para o problema. A ordenação é uma operação fundamental em ciência da computação (muitos programas a utilizam como uma etapa intermediária) e, como resultado, um grande número de bons algoritmos de ordenação tem sido desenvolvido. O melhor aigoritmo para uma determinada aplicação depende - entre outros fatores - do número de itens a serem ordenados, da extensão em que os itens já estão ordenados de algum modo, de possíveis restriçóes sobre os valores de itens e da espécie de dispositivo de armazenamento a ser usado: memória principal, discos ou fitas. Um algoritmo é dito cometo se, para cada instância de entrada, ele pára com a saída correta. Dizemos que um algoritmo correto resolve o problema computacional dado. Um algoritmo incorreto pode não parar em algumas instâncias de entrada, ou então pode parar com outra resposta que não a desejada. Ao contrário do que se poderia esperar, as vezes os algoritmos incorretos podem ser úteis, se sua taxa de erros pode ser controlada. Veremos um exemplo desse fato no Capítulo 3 1, quando estudarmos algoritmos para localizar grandes números primos. Porém, em situaçóes comuns, iremos nos concentrar apenas no estudo de algoritmos corretos. Um algoritmo pode ser especificado em linguagem comum, como um programa de computador, ou mesmo como um projeto de hardware. O único requisito é que a especificação deve fornecer uma descrição precisa do procedimento computacional a ser seguido. A ordenação não é de modo algum o único problema computacional para o qual foram desenvolvidos algoritmos. (Você provavelmente suspeitou disso quando viu o tamanho deste livro.) As aplicações práticas de algoritmos são onipresentes e incluem os exemplos a seguir: O Projeto Genoma Humano tem como objetivos identificar todos os 100.000 genes do DNA humano, determinar as sequências dos 3 bilhóes de pares de bases químicas que constituem o DNA humano, armazenar essas informações em bancos de dados e desenvolver ferramentas para análise de dados. Cada uma dessas etapas exige algoritmos sofisticados. Embora as soluções para os vários problemas envolvidos estejam além do escopo deste livro, idéias de muitos capítulos do livro são usadas na solução desses problemas biológicos, permitindo assim aos cientistas realizarem tarefas ao mesmo tempo que utilizam com eficiência os recursos. As economias são de tempo, tanto humano quanto da máquina, e de dinheiro, a medida que mais informaçóes podem ser extraídas de técnicas de laboratório.

Artigo
BBC

A queda nas economias latino-americanas em 2020 foi tão forte, em meio à pandemia de coronavírus, que recuperações históricas são esperadas para 2021. Mas cuidado: isso não significa um grande crescimento econômico que indica um período de vacas gordas pela frente. Na verdade, trata-se de um esperado "efeito rebote" — ou seja, um forte aumento do Produto Interno Bruto (PIB) na maioria dos países da região, que compensará parcialmente o cenário atual. É uma recuperação econômica parcial em relação a um resultado muito negativo do ano anterior. A economia do Peru, por exemplo, fechará este ano com uma queda brutal da ordem de 13%, e em 2021 crescerá cerca de 9%, de acordo com as últimas projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Isso significa que mesmo com um aparente aumento espetacular da atividade econômica, o país ainda estará longe de retornar ao nível pré-crise, uma história que se repetirá na maioria dos países da região. "A recuperação estará sujeita a muitas incertezas, como a dinâmica da pandemia, a disponibilidade de vacinas, a capacidade dos países em manter políticas de apoio e o que acontecerá com a economia mundial", diz Daniel Titelman, diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico da Cepal, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC. Para este ano, a Cepal projeta uma queda histórica da economia regional de 7,7%, enquanto para 2021 espera um crescimento de 3,7%. Se não houver grandes mudanças no horizonte, pode-se dizer que a América Latina atingiu o fundo do poço e agora inicia um lento processo de recuperação. Durante essa recuperação, os três países que terão o maior crescimento econômico no próximo ano, segundo as projeções da Cepal, serão: Peru (9%), Panamá (5,5%) e Bolívia (5,1%). Apesar do impacto econômico devastador da pandemia no Peru, o ministro de Economia e Finanças, Waldo Mendoza, disse que o país está apresentando uma recuperação "muito mais rápida" que o resto dos países da região. Entre os motivos, ele citou a redução no avanço da pandemia e os efeitos dos pacotes de estímulo para conter a crise econômica. "Temos uma situação um pouco mais administrável, que nos permite abrir atividades econômicas com um pouco mais de confiança e menos risco", disse Mendoza, membro do gabinete do governo de Francisco Sagasti, que assumiu a presidência do Peru em meio a uma profunda crise política, em meados de novembro. Se a economia do Peru crescer 9% em 2021, conforme projeta a Cepal, será o país com maior crescimento econômico na região, depois de ter ficado no topo do ranking de pior desempenho regional (atrás apenas da Venezuela) em 2020. Um efeito rebote da economia não está condicionado exclusivamente à evolução da pandemia, mas também às condições políticas. "Há incerteza por motivos de saúde e por motivos políticos", explica Diego Macera, gerente do Instituto Peruano de Economia (IPE), à BBC. "Se houver investimento privado, empregos são criados e isso impulsiona a recuperação econômica, mas se o Congresso que será eleito no próximo ano for como o que temos agora, o golpe para a confiança será grande", diz ele. As eleições presidenciais e parlamentares estão convocadas para 11 de abril e o segundo turno, se necessário, está previsto para junho. No plano econômico, um dos sinais animadores para o próximo ano é que os especialistas esperam melhores resultados no setor de mineração, especialmente em produtos como o cobre. No entanto, uma das principais preocupações é o que acontecerá com o emprego e o subemprego e como o país conseguirá obter as doses das vacinas necessárias para manter o vírus sob controle.

Contabilidade Empresarial
Adriano Rodrigues

De modo simples e direto, pode-se dizer que o objetivo fundamental da contabilidade é fornecer informações úteis aos seus usuários. Um aspecto importante deste objetivo diz respeito à contabilidade como instrumento fundamental no processo de comunicação empresarial entre os diferentes agentes do mercado, tais como: gestores, acionistas, investidores, instituições financeiras etc. Também deve ser entendido que a contabilidade não é uma propriedade do Contador e nem a ele se destina. Compete a este importante profissional comunicar da forma mais apropriada possível essa informação, que irá auxiliar diversos tomadores de decisão. Uma vez que as informações contábeis devem ser úteis aos seus usuários, algumas questões relevantes precisam ser respondidas pela Contabilidade: Os investimentos realizados por qualquer pessoa, seja ela pessoa física ou pessoa jurídica, têm como característica fundamental a expectativa de um determinado retorno sobre o capital investido, durante um determinado período de tempo. De forma bastante simplificada, vejamos o exemplo de uma pessoa que, tendo recebido uma herança de um parente, resolvesse fazer uma aplicação em uma instituição financeira, no valor de R$ 100.000,00 e, no final de um ano, ao verificar as informações fornecidas pelo banco, tivesse, agora, a quantia de R$ 115.000,00. De posse destas informações poderíamos responder às três questões inicialmente propostas: o retorno foi de R$ 15.000,00, ou em termos percentuais, 15% sobre o capital aplicado, e o patrimônio era R$ 100.000,00 no início do período e R$ 115.000,00, no final do período. Quanto à terceira questão, da situação financeira, também é possível responder afirmando que seriam os R$ 115.000,00, já que seriam estes os recursos financeiros disponíveis para serem utilizados pelo investidor para as mais diversas finalidades: reinvestir o dinheiro, comprar bens, liquidar dívidas etc. Apesar da simplicidade do exemplo1, pode-se dizer que estas devem ser três questões-chave para a Contabilidade fornecer informações úteis aos seus usuários, pois são questões que interessam a todos, através dos tempos e em qualquer parte do mundo. Sempre queremos saber quanto temos, quanto ganhamos e se temos o suficiente para concretizar nossos projetos ou atender nossos compromissos com terceiros. Naturalmente, os gestores de negócios empresariais sempre estarão buscando respostas para essas questões. Sendo assim, a Contabilidade deve estar sempre preparada para fornecer tais informações. Para finalizar a introdução deste capítulo, deve-se destacar que não é objetivo desse livro tratar das questões relacionadas com a contabilidade fiscal ou tributária, pois a abordagem proposta aqui é da contabilidade financeira com enfoque empresarial. A contabilidade é uma ciência social aplicada e não uma ciência exata como a matemática. Em função dessa importante característica, a informação contábil pode ser fortemente influenciada pelo ambiente legal, cultural e econômico de cada país. Dessa forma, ao longo da evolução histórica da contabilidade no mundo, fica evidente que cada país acabou produzindo suas normas e regras contábeis levando em consideração seu próprio contexto social, o que resultou em expressivas divergências no processo de elaboração e apresentação da informação contábil-financeira (Financial Reporting). Com o processo de internacionalização das empresas e dos mercados de capitais e de crédito, torna-se ainda mais relevante o papel da contabilidade como a linguagem dos negócios. Dificilmente um investidor irá alocar seus recursos numa empresa, assim como uma instituição financeira irá conceder créditos, sem antes ler sua informação contábil-financeira (Financial Reporting).

Direito Constitucional
Eduardo Ribeiro

Ao longo da história o direito esteve presente em toda a organização dos povos; o brocardo "onde há direito, há sociedade" confirma a questão. Uma verdadeira perspectiva constitucional solidificada, semelhante a usada atualmente, só aparece a partir do término da Segunda Guerra Mundial. Surge então uma classificação que orienta o nível dos direitos fundamentais por gerações ou, de acordo com a melhor doutrina, dimensões.' Embora muitos doutrinadores, principalmente os europeus, não utilizem tal nomenclatura, a doutrina nacional faz uso recorrente sem que haja uma certeza de quais direitos são de quarta dimensão. Muitos classificam o biodireito como oriundo de direitos de quarta dimensão, enquanto outros o excluem dessa classificação. O que efetivamente realiza uma dimensão de direitos, isto é, o que faz com que pertençam a uma determinada dimensão? Ainda mais importante para compreender a questão e identificar o que da inicio a outra dimensão de direitos. Os direitos de primeira dimensão são aqueles tidos como direitos individuais e políticos, que tutelam o homem das ameaças potenciais do Estado. São as conotações das liberdades públicas, do estado liberal, que regem e protegem o homem do Estado. A concepção da arbitrariedade, das injustiças pessoais e dos direitos da natureza se perdem com a ruptura provocada pelos direitos de primeira geração, individuais e políticos ou de liberdades da vida. São direitos de "resistência ou de oposição perante o Estado."5 Os direitos de primeira dimensão tutelam o homem do livre arbítrio estatal. Tais direitos mostraram-se insuficientes para todos os ditames de proteção observados no início do século XX, devido às relações sociais, culturais, enfim todas que circulavam em tomo do homem trabalhador. Aparecem, então, os direitos de segunda geração nos textos constitucionais a partir da Constituição de 1917, no México, implementados após a revolução mexicana e, em grande parte, pela revolução Russa. Na Alemanha, a Constituição de Weimar de 1919 repete a aclamada proteção ao trabalhador, inaugurando uma fase social dos direitos humanos. O homem trabalhador rompe com a ordem comum de então e inaugura uma nova concepção de positivação dos seus direitos no espaço social. Uma digressão valiosa é pontual: as dimensões dos direitos fundamentais caracterizam-se pela sua positivação na Constituição de maneira privilegiada, imutável e de invocação imediata. Essas características compõem os direitos fundamentais, que têm um rol significativamente acrescido com o acolhimento de uma nova dimensão de direitos. Uma nova dimensão de direitos não ocorre por acaso, mas pelas exigências histórico-sociais que são impostas. Pode-se dizer que uma nova dimensão de direitos fundamentais decorre de rupturas titicas, como ilustra a Revolução Francesa para os direitos de primeira geração e a Revolução Russa para os direitos de segunda geração. Até a ocorrência da ruptura o desenvolvimento das civilizações não havia atribuído aos direitos humanos fundamentais o grau de primazia e superlatividade decantado pelas Constituições ocidentais contemporâneas.

Direito Penal
André Stefam

O Direito Penal retira sua cientificidade da busca por sua legitimidade. Esta deve ser deduzida da configuração da sociedade. É preciso construir o plexo normativo-penal a partir de uma determinada sociedade, no seu tempo e espaço, com seus respectivos valores. Kirchmann (1847), promotor de justiça alemão, no século XIX, fez ácida crítica aos que propunham o caráter científico do Direito. Em seu texto “O caráter acientífico da Ciência do Direito”, o autor dizia que toda obra doutrinária, toda sentença bem elaborada, todo trabalho jurídico enfim tornava-se papel descartável com três palavras do legislador modificando a legislação. Equivocava-se, contudo, Kirchmann, seja por confundir o Direito (normas e princípios) com a Ciência do Direito (a busca pela legitimidade do ordenamento jurídico em uma dada sociedade). Na verdade, o trabalho que se ocupar do conceito do Direito até chegar ao fundamento de sua legitimação jamais se tornará letra morta com a modificação legislativa. Pelo contrário, se o legislador elaborar alguma disposição que não esteja de acordo com o fundamento do Direito, este sim é que não produzirá mais do que “leis descartáveis”. Num breve histórico, pode-se dizer que a busca pelo fundamento de legitimidade do Direito Penal enfrentou quatro grandes fases. A primeira merecedora de registro, que remonta ao século XVII, é a fase em que a legitimidade do Direito Penal advinha da lei e da autoridade. Legítimo, portanto, era o Direito produzido pelos tribunais com autoridade coercitiva. Seguiu-se, depois, sob influência do Iluminismo, a fase da razão. A legitimidade do Direito Penal deixava de ser a obediência à autoridade, trasladando-se para a garantia da liberdade dos cidadãos. Em Hegel, o fundamento de legitimidade deslocara-se para a prevenção. A finalidade preventiva passara a ser a mola propulsora do Direito Penal, justificando-o enquanto ramo jurídico. A medida da pena passara a ser o desvalor do ato. No final do século XIX, nova mudança de enfoque: o Direito Penal, segundo propunha Binding, tinha como fundamento o Direito Positivo. Franz von Liszt constrói sua visão científica do Direito Penal sob as bases do naturalismo. Sua obra fora composta, como é cediço, em meio ao irromper das forças decorrentes da industrialização, demonstrando ele marcada preocupação em calcular e controlar os efeitos do Direito Penal. Para este autor, deve o Direito Penal ocupar-se, notadamente, da prevenção. Enfatizava-se, destarte, o direito penal do autor. Durante o século XX, notadamente em sua segunda metade, a tendência que avulta com maior ênfase é o finalismo, de Hans Welzel. O autor constrói um sistema com bases ontológicas, fundado em realidades prévias, expostas como verdades absolutas e imanentes da Ciência Penal. Seu conceito de ação, fundamentado no sentido individual finalístico (toda “ação humana é o exercício de uma atividade final”) bem o demonstra. Welzel, contudo, não exprime sua teoria com arrimo em conceitos puramente individuas, mas também procura fazê-lo num sentido social (enfatizando a necessidade de o Direito Penal ocupar-se de fatos socialmente inadequados). No final do último milênio e no irromper do atual, vive-se uma nova fase na busca da legitimação da Ciência Penal, chamada “funcionalismo”. Seus maiores representantes são Claus Roxin e Günther Jakobs.

Discurso do Método
René Descartes

É certo que não vemos em parte alguma lançarem-se por terra todas as casas de uma cidade, com o exclusivo propósito de refazê-las de outra maneira, e de tornar assim suas ruas mais belas; mas vê-se na realidade que muitos derrubam as suas para reconstruílas, sendo mesmo algumas vezes obrigados a fazê-lo, quando elas correm o perigo de cair por si próprias, por seus alicerces não se estarem muito firmes. A exemplo disso, persuadime de que verdadeiramente não seria razoável que um particular intentasse reformar um Estado, mudando-o em tudo desde os fundamentos e derrubando-o para reerguê-lo; nem tampouco reformar o corpo das ciências ou a ordem estabelecida nas escolas para ensinálas; mas que, no tocante a todas as opiniões que até então acolhera em meu crédito, o melhor a fazer seria dispor-me, de uma vez para sempre, a retirar-lhes essa confiança, a fim de substituí-las em seguida ou por outras melhores, ou então pelas mesmas, após tê-las ajustado ao nível da razão. E acreditei firmemente que, por este meio, lograria conduzir minha vida muito melhor do que se a edificasse apenas sobre velhos fundamentos, e me apoiasse tão-somente sobre princípios de que me deixara persuadir em minha juventude, sem ter jamais examinado se eram verdadeiros. Pois, embora notasse nesta tarefa diversas dificuldades, não eram todavia irremediáveis, nem comparáveis às que se encontram na reforma das menores coisas atinentes ao público. Esses grandes corpos são demasiado difíceis de reerguer quando abatidos, ou mesmo de suster quando abalados, e suas quedas não podem deixar de ser muito rudes. Pois, quanto às suas imperfeições, se as têm, como a mera diversidade existente entre eles basta para assegurar que as têm numerosas, o uso sem dúvida as suavizou, e mesmo evitou e corrigiu insensivelmente um grande número às quais não se poderia tão bem remediar por prudência. E, enfim, são quase sempre mais suportáveis do que o seria a sua mudança; da mesma forma que os grandes caminhos, que volteiam entre montanhas, se tornam pouco a pouco tão batidos e tão cômodos, à força de serem freqüentados, que é bem melhor segui-los do que tentar ir mais reto, escalando por cima dos rochedos e descendo até o fundo dos precipícios. Eis por que não poderia de forma alguma aprovar esses temperamentos perturbadores e inquietos que, não sendo chamados, nem pelo nascimento, nem pela fortuna, ao manejo dos negócios públicos, não deixam de neles praticar sempre, em idéia, alguma nova reforma. E se eu pensasse haver neste escrito a menor coisa que pudesse tornar-me suspeito de tal loucura, ficaria muito pesaroso de ter aceito publicá-lo. Nunca o meu intento foi além de procurar reformar meus próprios pensamentos, e construir num terreno que é todo meu. De maneira que, se, tendo minha obra me agradado bastante, eu vos mostro aqui o seu modelo, nem por isso quero aconselhar alguém a imitá-lo. Aqueles a quem Deus melhor partilhou suas graças alimentarão talvez desígnios mais elevados; mas temo bastante que já este seja ousado demais para muitos. A simples resolução de se desfazer de todas as opiniões a que se deu antes crédito não é um exemplo que cada qual deva seguir; e o mundo compõe-se quase tão-somente de duas espécies de espíritos, aos quais ele não convém de modo algum. A saber, daqueles que, crendo-se mais hábeis do que são, não podem impedir-se de precipitar seus juízos, nem ter suficiente paciência para conduzir por ordem todos os seus pensamentos: daí resulta que, se houvessem tomado uma vez a liberdade de duvidar dos princípios que aceitaram e de se apartar do caminho comum, nunca poderiam ater-se à senda que é preciso tomar para ir mais direito, e permaneceriam extraviados durante toda a vida; depois, daqueles que, tendo bastante razão, ou modéstia, para julgar que são menos capazes de distinguir o verdadeiro do falso do que alguns outros, pelos quais podem ser instruídos, devem antes contentar-se em seguir as opiniões desses outros, do que procurar por si próprios outras melhores.

Artigo
Isto é

Bruno Covas (PSDB) tomou posse nesta sexta-feira (1º) de seu mandado como prefeito de São Paulo na Câmara Municipal. Em seu discurso, ele exaltou valores da democracia. As informações são da Folha. “Política não é terreno para intolerantes e nem para lacradores de redes sociais”, disse o prefeito em seu discurso. Covas defendeu reformas e disse que é preciso ter “nem o estado máximo, nem o estado mínimo, tão somente o estado necessário”. No evento em que o vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB) e os vereadores eleitos também tomaram posse no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal da capital paulista, Covas também fez duras críticas ao negacionismo em meio à pandemia de Covid-19. Ele disse que “o vírus do ódio e da intolerância precisa ser varrido da sociedade, que “não há tempo para personalismo e arrogância” e que é preciso “mais lucidez e senso de responsabilidade coletiva”. Covas, que faz tratamento de câncer no trato digestivo, também afirmou que sua doença permitiu que ele se reencontrasse consigo mesmo, e que o obrigou a selecionar o que realmente importa e que faz valer a pena. "Tenho saúde e força necessária para seguir ao lado da população. Hoje, posso dizer que me tornei um político melhor", disse o prefeito. Devido às medidas de distanciamento impostas pela pandemia de covid-19, o governador João Doria (PSDB), assim como outras autoridades, acompanhou a posse remotamente, pela internet. Os vereadores também foram incentivados a participar do evento virtualmente, mas quase 40 dos 55 estiveram presentes na Câmara. A sessão foi presidida pelo vereador Eduardo Suplicy (PT), escolhido por ser o parlamentar mais velho da Casa. Ele fez um apelo para a criação da renda básica e presentou Covas e Ricardo Nunes com dois exemplares do livro “Vamos Sonhar Juntos: O Caminho para um Futuro Melhor”, de autoria do Papa Francisco, que defende a medida que é a grande bandeira da carreira política de Suplicy.

Mecânica Quântica Moderna
J. J. Sakurai

A revolução no modo como compreendemos os fenômenos microscópicos, ocorrida nos primeiros 27 anos do século XX, não tem precedentes na história das ciências da natureza. Testemunhamos não apenas as sérias limitações da validade da física clássica, como também constatamos que a teoria alternativa que substituiu as teorias físicas clássicas era muito mais abrangente em seu escopo e mais rica em suas aplicações. A maneira mais tradicional de iniciar o estudo da mecânica quântica é seguir seu desenvolvimento histórico — a lei de radiação de Planck, a teoria de Einstein--Debye para calores específicos, o átomo de Bohr, as ondas de matéria de de Broglie e assim por diante —, junto a uma análise cuidadosa de alguns experimentos-chave, tais como o efeito Compton, o experimento de Franck-Hertz e o experimento de Davisson-Germer-Thomson. Se seguíssemos este caminho, poderíamos, quiçá, melhor apreciar a maneira pela qual os físicos do primeiro quarto do século XX foram forçados a abandonar, pouco a pouco, aqueles conceitos da física -clássica tão acalentados por eles e como, não obstante erros nos passos iniciais e nos caminhos escolhidos, os grandes mestres — Heisenberg, Schrõdinger e Dirac, entre outros — finalmente lograram sucesso na formulação da mecânica quântica como hoje a conhecemos. Entretanto, não seguimos neste livro a abordagem histórica. Iniciamos com um exemplo que ilustra, talvez melhor do que qualquer outro, o quão fundamentalmente inadequados são os conceitos clássicos. Esperamos que, ao expor os leitores a este "tratamento de choque" já no início, consigamos que eles se tornem desde o princípio afinados com aquilo que denominamos "a maneira quântica de pensar". Esta abordagem diferente não é meramente um exercício acadêmico. Nosso conhecimento do mundo físico advém das hipóteses que fazemos acerca da natureza, da subsequente formulação destas mesmas hipóteses em postulados, seguidas de previsões deles recorrentes e, finalmente, da comparação destas previsões com os experimentos, Se o experimento não corroborar a previsão, então provavelmente nossas premissas originais estavam incorretas. Nossa abordagem enfatiza as premissas fundamentais que fazemos acerca da natureza, sobre as quais fundamentamos todas as nossas leis físicas e que têm por objetivo acomodar em seu bojo, desde o princípio e de modo profundo, as observações quânticas. O exemplo no qual nos concentraremos nesta seção é o experimento de Stern-Gerlach, concebido originalmente por O. Stern em 1921 e por ele conduzido em colaboração com W. Gerlach em 1922 em Frankfurt. Este experimento ilustra, de maneira dramática, a necessidade de um desvio radical dos conceitos da mecânica clássica. Nas seções subsequentes, o formalismo básico da mecânica quântica será apresentado de modo um tanto quanto axiomático, mas tendo sempre, como pano de fundo, o experimento de Stern-Gerlach em mente. De uma certa maneira, um sistema de dois estados do tipo Stern-Gerlach é o menos clássico e o mais quântico dos sistemas. Um profundo entendimento de problemas envolvendo sistemas de dois níveis será de grande valia para qualquer estudante sério de mecânica quântica. Esta é a razão pela qual nos reportamos repetidamente a problemas de dois níveis ao longo deste livro. Apresentamos agora uma breve discussão do experimento de Stern-Gerlach, experimento este discutido em quase todo livro de física moderna.2 Primeiramente, átomos de prata (Ag) são aquecidos em um forno. Este possui um pequeno orifício pelo qual alguns átomos podem escapar. Como mostrado na Figura 1, o feixe passa por um colimador e é, então, submetido à ação de um campo magnético inomogêneo produzido por um par de poios, um dos quais possui uma aresta muito afilada.

Relatório Anual -- Natura

O Programa Carbono Neutro, criado em 2007, foi o primeiro compromisso público da Natura, que estabeleceu a redução de um terço de nossas emissões até 2013, o que representou 480 mil toneladas de CO2 e que deixaram de ser emitidas na atmosfera. O volume evitado equivaleria às emissões decorrentes de 83 mil voltas de carro ao redor da Terra. Como parte de nossa Visão de Sustentabilidade 2050, assumimos o compromisso de reduzir outros 33% de nossas emissões relativas de GEE até 2020, segundo o ano-base 2012. Estruturamos o programa em três frentes – mensuração, redução e compensação. A primeira contempla o monitoramento anual de todas as nossas emissões por meio de inventário auditado por empresa independente. Nosso diferencial está justamente no escopo do inventário, que abrange não apenas os indicadores de emissão próprios da Natura, mas também os de toda a nossa cadeia produtiva, incluindo as emissões de transportadoras e de matérias-primas e materiais de embalagens fabricados por terceiros. Em 2017, houve aumento de 0,8% nas emissões relativas de GEE e de 2% nas emissões absolutas, em comparação a 2016. Isso se deve, principalmente, pelo aumento do faturamento de itens com maior emissão relativa, além do crescimento em nossas Operações Internacionais, com aumento do impacto das exportações e de transporte de produtos às consultoras. No comparativo com 2012 (ano base do compromisso), a redução acumulada é de 0,5% nas emissões relativas. Seguimos buscando alternativas para atingir nosso compromisso por meio de ações como otimização do processo logístico de matérias-primas, maior eficiência na entrega de produtos às consultoras no Brasil, diversificação da frota e aumento do uso de materiais de menor impacto ambiental em nossos produtos. As emissões que não podemos evitar são 100% compensadas voluntariamente, o que nos mantém como uma empresa carbono neutro. Para efetivar a compensação, adquirimos créditos de carbono de organizações que reduziram suas emissões por meio de projetos que visam a manter as florestas em pé ou que realizam ações de reflorestamento, de substituição de combustíveis fósseis e de eficiência energética. Dessa forma, conseguimos alinhar a redução de impactos para o clima à geração de benefícios socioambientais. Entre 2007 e 2016, foram lançados cinco editais públicos e contratados 36 projetos. No total, houve a compensação de 2.945.158 tCO2e.

Teoria da Contabilidade -- Evolução e Tendências
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Vamos trocar idéias, nesta revista tão importante, de forma bastante livre, sobre teoria, pesquisa em contabilidade e sua importância para o desenvolvimento da contabilidade e da profissão. A regulação contábil também será tratada, embora de passagem. O importante autor Ahmed Riahi-Belkaoui (1964), na quinta edição de seu livro “Accounting Theory”, prefácio, textualmente afirma “[...] uma teoria única geralmente aceita, para a contabilidade, não existe até hoje. [...]” Ótimo! Isto também significa que: ou temos várias teorias ou os autores, apesar de ter a coragem (ousadia) de chamarem seus textos de “teoria da contabilidade”, na verdade já sabem, de antemão, que estão apresentando uma visão, na melhor das hipóteses, parcial ou subjetiva do que seja teoria. Se não sabemos exatamente o conteúdo completo de uma teoria contábil, fica mais difícil ainda saber para onde ela está indo. Vários autores definiram critérios para avaliar uma teoria, por exemplo, entre outros, Dodd (1968), Bunge (1967), Zaltman et. al. (1973)2 (utilizando os critérios de Bunge) e muitos outros. Todos eles chamam a atenção para o fato de que teorias deveriam estar sujeitas ao teste da praticabilidade. Particularmente, Zaltman et al. (1973) e Bunge (1967), entre outras várias propriedades, dizem: “[...] theoretical statements should be able to generate new research ideas e theoretical statements should beflexible enough to accomodate new and non contradicting evidence (stability).” Os requisitos são tão amplos e, ao mesmo tempo, restritivos, pois uma teoria contábil tem que estar, também, de acordo com os requisitos de outras teorias. É difícil imaginar uma teoria contábil, única e compreensiva. Talvez vários autores devessem realizar esse trabalho. Claramente, um dos testes diz que mandamentos teóricos deveriam ser possíveis de ser testados empiricamente. Outros preceitos poderiam ser considerados muito “esotéricos” - as teorias não deveriam ser tão complexas a ponto de tornar impossível refutá-las (simplicidade metodológica). Ora, essa é ótima. Ofereço esses conceitos para os nossos zelosos e intransigentes revisores “ad-hoc” de nossas revistas principais que, muitas vezes, se ligam mais à forma do que ao conteúdo! Uma teoria pode ser definida como “um conjunto de conceitos inter-relacionados, definições, proposições que apresentam uma visão sistemática do fenômeno, através da especificação das relações entre variáveis com a finalidade de explicar e predizer o fenômeno”. Prefiro a definição: “teoria é o conjunto articulado de postulados, princípios e restrições que definem uma ciência”. Essencialmente, todavia, as duas definições são semelhantes. Como dissemos, não existe uma única e geralmente aceita teoria da contabilidade até os dias de hoje. Mattessich (1964) atribui, em parte, esse fato à grande diversidade das pesquisas sobre contabilidade. De fato, as orientações das pesquisas são tão heterogêneas que levam mais ao transbordamento da teoria do que a uma tendência central. Sempre faço uma imagem de que as pesquisas são os afluentes de um grande rio que é a teoria, ou melhor, são os rios desembocando no mar da teoria. Se as pesquisas são extremamente variadas, haverá uma tendência de o rio não apresentar uma característica predominante. Não sei até que ponto isto é mau ou bom. Sou tentado a pensar que os interesses dos pesquisadores contábeis são tão amplos que caracterizam uma atividade (e um campo de conhecimento) em contínua evolução, longe de poder ser definido integralmente, mesmo porque ciências sociais, como a contabilidade, evoluem de acordo com a evolução da própria sociedade. Vejam a evolução da própria definição de ativo, que passou, da propriedade e posse, a caracterizar mais o controle – o famoso exemplo da “marta nossa escrava”!

Artigo
OAB

Um grande equívoco de avaliação é encarar a implantação da tramitação exclusivamente eletrônica como uma espécie de “solução de ouro” para fazer frente à morosidade da justiça. É bem verdade que ganha-se algum tempo, de lado a lado, quando o processo tramita em meio eletrônico. Entretanto, a razão maior que orientou a decisão de implementação do sistema eletrônico do processo foi a redução de custos (aproveitada pela justiça) com espaço e materiais como papel, capas, grampos, e uma infinidade de acessórios que eram necessários para a formação dos autos físicos. Não se pensou o processo em sua modalidade eletrônica como uma forma de melhorar qualitativamente a prestação jurisdicional e, menos ainda, de alcançar o resultado sentença com a celeridade necessária em observância ao princípio da duração razoável do processo. Ao contrário, privilegiou-se a redução de custos em detrimento de medidas colaterais conjuntas que poderiam gerar um resultado muito mais vantajoso. A questão financeira foi, então, sem sombra de dúvidas, a principal razão pela qual mistificou-se o processo eletrônico como a forma mais eficaz de se combater a morosidade e a má qualidade da prestação jurisdicional. Inobstante, como já fora anteriormente dito, o processo em sua modalidade eletrônica gere ganhos de tempo, os pontos mais importantes a serem atacados quedaram-se intocados. A celeridade obtida com a chegada do processo às mãos dos Magistrados não deram o resultado esperado. Basta-se verificar que embora os feitos se distribuam com trivial facilidade e, diga-se, ao custo da “mão de obra” dos advogados que, agora, passam a integrar o sistema de organização e formação de autos como um verdadeiro servidor (tema esse, aliás, que será objeto de tópico próprio) nesta nova lógica de celeridade não se viu uma maior agilidade na atividade cognitiva sobre o mérito das demandas. Mais uma vez, as chamadas tutelas antecipadas passaram a ser uma grande (e insubsistente) forma de se improvisar ou ganhar-se tempo para o desate da lide que, por regra, somente é resolvida com o resultado sentença. As audiências de instrução ainda são agendadas para os mesmos períodos de tempo e os Magistrados continuam com seus limites humanos para proferir sentenças e decisões que associado ao número reduzido de servidores auxiliares não conseguem dar vazão aos processos salvo raras exceções. Por fim, não foram constatadas grandes melhorias uma vez que os fatores que mais influem (a celeridade da instrução e cognição) o caminhar do processo não foram atacados com tanta ênfase como a desenfreada implantação do sistema eletrônico. O tema em questão é verdadeiramente espinhoso uma vez que a orientação estrutural de todo o sistema do PJE (Processo Judicial Eletrônico) é fundada e construída em torno de um eixo conceitual e, porque não dizer, em parte, ideológico, que tem por objetivo realizar levantamentos estatísticos para alimentar o sistema de gestão do poder judiciário e, consequentemente, reduzir ainda mais custos com a aplicação da justiça. Primeiramente, cabe esboçar, aqui, o que vem a ser a indigitada “taxonomia processual”. Este termo aparece por primeira vez no sistema jurídico o pátrio na resolução nº 46/2007 do CNJ sob a presidência da Ministra Ellen Gracie cuja finalidade era (e ainda é) a de fazer um levantamento estatístico permanente sobre as demandas judiciais que tramitam em todos os tribunais do país. Para isso, a resolução estabelecia inúmeras regras e prazos para que os tribunais colhessem e enviassem informações para o CNJ acerca de todos os processos novos que fossem distribuídos. Os processos já em tramitação eram escolhidos por amostragem e, a partir de então, os servidores tinham a tarefa de fornecer dados sobre tais demandas como, por exemplo, o espaço de tempo entre a propositura da ação e a o atual momento processual da lide bem como o valor atribuído à demanda, o direito discutido, o tipo de ação e assim por diante.

Tractatus Logico-Philosophicus
Ludwig Wittgenstein

A leitura do Tractatus, apesar das enormes dificuldades oferece, fecha-se sôbre si mesma; se o que pode ser expresso o pode ser com clareza, como nos adverte seu autor, qualquer explicação exterior ao texto penetra nos domínios do que enfim deve ser calado. Sabemos que o livro não é um manual; dirige-se, sem intermediários, a um público familiarizado com os principais problemas da lógica moderna. Sendo sua publicação recente (1921), não sentimos diante dele aquela distância peculiar aos textos clássicos que demanda uma aproximação árdua e progressiva. Nessas condições, como juntar-lhe uma introdução feita nos moldes tradicionais, revelando a's articulações mestras de seu pensamento? Toda análise seria redundante, correndo o risco de encaminhar o leitor numa direção que, mesmo correta, não seria a única. É sintomático o que aconteceu com a apresentação feita por Russell. Este anuíra em escrever a introdução que a Bditóra Reclam exigia para a publicação do livro. Quando, porém, Wittgenstein recebe os originais, não pode esconder sua decepção. Numa carta de 4 de abril de 1920, escreve: "Muito obrigado por seu manuscrito. Não estou muitas e muitas vêzes de acórdo com êle, tanto nos trechos em que você' me critica como naqueles em que pretende meramente tornar claras minhas *opiniões. Mas não faz mal. O futuro nos julgará. Ou não — e se êle se calar, já será um julgamento". Na carta posterior (6 de maio) Wittgenstein, entretanto, vai mais longe: "Você ficará zangado comigo quando lhe contar o seguinte: sua introdução não será impressa e provavelmente por isso mesmo meu livro também não. Quando me defrontei com a tradução alemã de sua introdução, não pude decidir-me a publicá-la com meu trabalho. A finura de seu estilo inglês perdera-se — evidentemente — na tradução, restando apenas superficialidade e malentendido. Enviei então o trabalho e sua introdução para a Reclam, escrevendo-lhes que não queria a introdução impressa, já que apenas servia de orientação a respeito de meu trabalho. É, pois, altamente provável que por isso a Reclam não o aceite (embora até agora não tenha recebido resposta alguma)" um ano depois é que o Tractatus aparece, na revista de Ostwald, Anais de filosofia natural, publicada em Leipzig pela Editara Unesma GMBH. No entanto, a tradução inglêsa, publicada no ano seguinte, traz uma introdução de Bertrand. Russell, datada de maio de 1922. É difícil acreditar que o texto seja o mesmo. Sabemos apenas que Wittgenstein, já resvalando para o misticismo, desinteressa-se por seu trabalho, não revendo com o devido cuidado o texto inglês, ao contrário do que afirma o tradutor. Convém lembrar, todavia, que a formulação de grande parte dos problemas colocados pelo Tractatus depende de uma situação histórica que as últimas descobertas da lógica matemática alteram sobremaneira. Devemos em particular ter presente que Wittgenstein trabalhou no ambiente de euforia que se seguiu à publicação dos Principia de Russell e Whitehead, muito antes, portanto, do impacto provocado pela obra de Gõdel, que teve, como um de seus efeitos, a virtude de isolar o cálculo proposicional dos outros cálculos matemáticos. Sendo decidível e completo, não possui uma estruturação suficientemente rica, capaz de dar conta da complexidade, por exemplo, do sistema da aritmética ou da geometria. dra, Wittgenstein elege o cálculo das proposições como padrão de inteligibilidade de todos os sistemas formais, postulando, em conseqüência, uma unidade entre Ales que mais tarde se revelou ilusória. Além do mais, essa, unidade lhe permite conceber a lógica como um sistema total, ao contrário da dispersão dos sistemas particulares predominantes na lógica contemporânea. É evidente que nessas condições os problemas da semântica, os problemas que dizem respeito às relações do sistema com o mundo, haveriam de ser propostos de uma forma muito meti ambiciosa do que hoje estamos acostumados a propor. Dal a riqueza do Tractatus, dal em compensação seu dogmatismo, que por perspectiva crítica que só a história pode oferecer. Considerando Asse provável estranhamento é que fomos levados a preparar a longa introdução que se segue. Correndo o risco de impacientar o leitor com um texto relativamente grande, pretendemos apenas reconstruir os principais problemas semânticos tais como Wittgenstein os encontrou. Com a publicação dos inéditos anteriores ao Tractatus, estamos, ademais, em condições de traçar sua evolução desde o ponto de partida, com Frege e Russell, até o momento em que se formulam suas principais teses. Retornando, pois, às origens, esboçando uma genealogia de seus conceitos básicos, nada mais pretendemos do que familiarizar o leitor com certas questões lógicas que o formalismo moderno tem em geral negligenciado. Conduzido até a fronteira dêsse livro, o leitor deverá, sozinho e contando com seus próprios recursos, penetrar então num terreno em que impera, absoluta, a palavra de Wittgenstein.

Cálculo, vol. 1
James Stewart

As origens do cálculo remontam à Grécia antiga, pelo menos 2.500 anos atrás, quando foram encontradas áreas usando o chamado “método da exaustão”. Naquela época, os gregos já sabiam encontrar a área A de qualquer polígono dividindo-o em triângulos, como na Figura 1 e, em seguida, somando as áreas obtidas. É muito mais difícil achar a área de uma figura curva. O método da exaustão dos antigos gregos consistia em inscrever e circunscrever a figura com polígonos e, então, aumentar o número de lados deles. A Figura 2 ilustra esse procedimento no caso especial de um círculo, com polígonos regulares inscritos. Os gregos, porém, não usaram explicitamente limites. Todavia, por um raciocínio indireto, Eudoxo (século V a.C.) usa o método da exaustão para demonstrar a conhecida fórmula da área do círculo: Usaremos uma ideia semelhante no Capítulo 5 para encontrar a área de regiões do tipo mostrado na Figura 3. Vamos aproximar a área desejada A por áreas de retângulos (como na Figura 4), fazer decrescer a largura dos retângulos e, então, calcular A como o limite dessas somas de áreas de retângulos. Considere o problema de tentar determinar a reta tangente t a uma curva com equação y f (x), em um dado ponto P. (Daremos uma definição precisa de reta tangente no Capítulo 2. Por ora, você pode pensá-la como a reta que toca a curva em P, como na Figura 5.) Uma vez que sabemos ser P um ponto sobre a reta tangente, podemos encontrar a equação de t se conhecermos sua inclinação m. O problema está no fato de que, para calcular a inclinação, é necessário conhecer dois pontos e, sobre t, temos somente o ponto P. Para contornar esse problema, determinamos primeiro uma aproximação para m, tomando sobre a curva um ponto próximo Q e calculando a inclinação mPQ da reta secante PQ. Imagine agora o ponto Q movendo-se ao longo da curva em direção a P, como na Figura 7. Você pode ver que a reta secante gira e aproxima-se da reta tangente como sua posição-limite. Isso significa que a inclinação da reta secante fica cada vez mais próxima da inclinação m da reta tangente. Exemplos específicos desse procedimento serão dados no Capítulo 2. O problema da tangente deu origem ao ramo do cálculo chamado cálculo diferencial, que só foi inventado mais de 2 mil anos após o cálculo integral. As principais ideias por trás do cálculo diferencial devem-se ao matemático francês Pierre Fermat (1601-1665) e foram desenvolvidas pelos matemáticos ingleses John Wallis (1616-1703), Isaac Barrow (1630-1677) e Isaac Newton (1642-1727) e pelo matemático alemão Gottfried Leibniz (1646-1716). Os dois ramos do cálculo e seus problemas principais, o da área e o da tangente, apesar de parecerem completamente diferentes, têm uma estreita conexão. Os problemas da área e da tangente são problemas inversos, em um sentido que será explicado no Capítulo 5.

Artigo
Carta Capital

“Eu fui dar a notícia do óbito de um rapaz, um cara jovem, sem doenças. O sogro dele, um senhor idoso, estava com uma máscara do Bolsonaro fazendo arminha. Quando eu contei a notícia do óbito, com todo aquele clima de consternação, ele ficou bem alterado. Ele falou que isso tinha acontecido porque o paciente não fez o tratamento precoce. Porque o Mandetta não deixou mais ninguém fazer. E que, se ele visse o Mandetta, era capaz de dar um tiro nele.” Médicos, enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas, agentes de saúde e mais uma gama de profissionais ditos “da linha de frente” contra a Covid-19 ficaram em destaque ao longo de 2020. No início, ainda existiam manifestações de respeito e decoro. Palmas nas janelas, relatos marcantes de dias nebulosos em frente ao desconhecido. No entanto, mais de 195 mil vidas perdidas para o coronavírus no Brasil depois, o tom mudou. O relato acima veio do médico reumatologista João Alho, que atua como intensivista em um hospital público em Santarém, no Pará, desde o início da epidemia de Covid-19 no Brasil. Lá, a segunda onda do coronavírus ainda não é uma realidade gritante como em São Paulo, onde trabalha outro médico que conversou com CartaCapital para esta reportagem de relatos de quem precisa lidar com as consequências do aumento do número de casos. “Agora, trabalhar está muito mais estressante, porque temos também a demanda dos casos não graves. Não tem mais hospital da campanha, não existe a preocupação de que o hospital possa ser um foco de transmissão se você está com um sintomas leves, com uma tosse há um dia. Os serviços estão lotados e a gente está muito sobrecarregado de uma maneira geral”, relata Ricardo Mastrangi, médico residente no Hospital Emílio Ribas, referência em epidemiologia no País. Encontrar um culpado é tarefa impossível, mas a situação também não pode ser observada fora do show de horrores que tomou os noticiários ao longo do ano: as insistências do presidente Jair Bolsonaro de que a Covid-19 seria uma “gripezinha” ou de que todos se conformassem com a morte, o desincentivo para o “fique em casa”, a aposta em remédios sem comprovação científica. A lista jamais deixou de ser atualizada. Mastrangi relata que pacientes chegavam “dizendo que a prima da irmã da tia tomou hidroxicloroquina, ivermectina, está tomando corticoide e também quer tomar.” Mesmo assim, o cuidado dos profissionais foi capaz de contornar a maioria das situações. “Com pessoas mais hostis, acabamos percebendo que não tem o que fazer. Não que eu me renda às demandas, justifico dizendo que não sou o médico do primo ou do presidente da República. E aí eu sinto que a gente ainda consegue ter controle”, relata. No entanto, cada passo dos profissionais passou a ser monitorado de perto pelas dúvidas e angústias familiares, diz João Alho. “No começo do processo pandêmico, a gente teve uma ansiedade, um certo tipo de pressão por parte dos familiares. Você passava muito tempo nos boletins familiares explicando o porquê de não dar determinada medicação. Esse processo de desinformação consumia muito tempo no telefone com as famílias.”, diz. A vida dos profissionais virou do avesso. João conta que se sentia culpado em consumir uma série ou filme para desestressar por achar que deveria estar estudando, buscando novos artigos, outras descobertas sobre o vírus. Já Ricardo admite que, em junho, saía todos os dias chorando da UTI do hospital pela intensa carga de trabalho. A imprevisibilidade do paciente de Covid, que tem piora registrada em poucas horas, é comumente abordada pelos profissionais da Saúde como a prova de que o vírus não é passível de ser ignorado. Mesmo assim, segundo a última pesquisa PNAD-Covid, continua em ritmo crescente o número de pessoas que já não toma nenhuma medida de prevenção contra a contaminação. “As pessoas acabam jogando muita responsabilidade nos profissionais de saúde. A gente também tem medo da doença, tem medo pelos nossos familiares, de voltar pra casa e passar para alguém, a gente tem medo de tudo porque é muito novo e acaba sobrecarregando todo mundo.”, diz Mastrangi. As festas de fim de ano, apesar das recomendações de entidades como a Fiocruz, que fez uma cartilha para reduzir riscos associados ao contágio, registraram aglomerações, abraços e festas. Compreensível pela vontade, mas dolorido pelas consequências que virão, diz Mastrangi, conformado que o descanso desses plantões será um “preparo para o pior”.

O Crepúsculo dos Ídolos
Friedrich Nietzsche

Quereis que vos diga tudo que é peculiar aos filósofos?... Por exemplo, sua falta de sentido histórico, seu ódio à idéia do devir, seu egipcismo. Crêem honrar uma coisa despojando-a de seu aspecto histórico, sub specie aeterni... quando fazem dela uma múmia. Tudo com que os filósofos se ocupam há milhares de anos são idéias — múmias; nada real saiu vivo de suas mãos. Esses senhores idólatras das idéias quando adoram, matam e empalham: tudo é posto em perigo de morte quando eles adoram. A morte, a evolução, a idade, tanto quanto o nascimento e o crescimento, são para eles não só objeções, como até refutações. O que é não se torna, não se faz, e o que se torna ou se faz não é. Todos acreditam desesperadamente no ser. Porém como não podem apoderar-se dele, buscam as razões segundo as quais ele lhes escapa: "É forçoso que haja aí uma aparência, um engano por efeito do qual não podemos perceber o ser — onde está o impostor?" já o apanhamos gritam alegremente — são os sentidos! Os sentidos, que por outro lado são tão imorais... Os sentidos são quem nos enganam acerca do mundo verdadeiro. Resultado: mister se faz desprender-se da ilusão dos sentidos, do devir, da história, da mentira. Conseqüência: negar tudo o que supõe fé nos sentidos, negar todo o resto da humanidade; isso pertence ao povo; é necessário ser filósofo, é necessário ser múmia, é necessário representar o monoteísmo com uma mímica de coveiro. E acima de tudo que pereça o corpo, essa lamentável idéia lixa dos sentidos, o corpo contaminado por todos os defeitos que a lógica pode descobrir, refutado, até impossível, se se quer, ainda que tão impertinente que se porta como fosse real!... Separo, com profundo respeito, o nome de Heráclito. Se os demais filósofos rejeitaram o testemunho dos sentidos, porque os sentidos são múltiplos e variáveis, Heráclito rejeitava tal testemunho porque apresenta as coisas como dotadas de duração e unidade. Também Heráclito foi injusto com os sentidos, que não mentem, nem à maneira que os eleatas se figuravam, nem como ele acreditava; em geral, não mentem. O que fazemos com seu testemunho é que introduz nele a mentira; por exemplo, a mentira da unidade, a mentira da realidade, da substância, da duração. A razão é a causa de falsearmos o testemunho dos sentidos. Estes não mentem quando nos mostram o vir a ser das coisas, o desaparecimento, a mudança. Mas em sua afirmação segundo a qual o ser é uma ficção, Heráclito terá eternamente razão. O mundo das aparências é o único real, o mundo, verdade foi acrescentado pela mentira. E que sutis instrumentos de observações são os nossos sentidos para nós! Por exemplo, o nariz do qual nenhum filósofo discorreu com a veneração e a gratidão devidas. O nariz é o instrumento mais delicado de que dispomos, capaz de registrar diferenças mínimas no movimento, o que nem sequer o espectroscópio marca. Atualmente só possuímos ciência enquanto aceitamos o testemunho dos nossos sentidos, enquanto armamos e aguçamos nossos sentidos ensinando-os a se dirigirem ao fim que nos propomos. O resto é somente um aborto que não é ciência, isto é, que é metafísica, teologia, psicologia, ou epistemologia, ou então é ciência da forma, teoria dos signos, como a lógica, ou lógica aplicada, como as matemáticas. Aqui a realidade não aparece nem sequer como problema, como tampouco se coloca a questão do valor que possui em geral um sistema convencional de signos, como a lógica. A outra coisa peculiar aos filósofos não é menos perigosa: consiste em confundir as coisas últimas com as primeiras. Põem no princípio o que vem no final, desafortunadamente, pois não deveria vir nunca; os conceitos mais elevados, isto é, os conceitos mais gerais e mais vazios, a última embriaguez da realidade que se evapora, isto é o que colocam no princípio e o que convertem em princípio. Vemos aí novamente a expressão de sua maneira de venerar; o mais elevado não pode proceder do mais baixo, nem pode vir pelo geral. A conclusão que se retira é que tudo que é de primeira ordem deve ser causa sui. Qualquer outra origem é considerada uma objeção, algo que faz duvidar do valor da coisa. Todos os valores superiores são de primeira ordem, todos os conceitos superiores, o ser, o absoluto, o bem, a verdade, a perfeição, tudo isso não pode vir a ser, é necessário que seja causa sui. Tampouco isso pode ser desigual entre si nem achar-se em contradição. Assim é a forma como chegam ao seu conceito de Deus. A coisa última, a mais tênue, a mais vazia, ocupa o primeiro lugar como causa em si, como ens realissimum. Que tenha tido a humanidade que tomar a sério as dores de cabeça desses enfermos urdidores de teias de aranha! E que tenha pago tão caro!

Inundação
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A inundação é um fenômeno natural que ocorre em períodos de chuva, causada pelo transbordamento das águas dos rios. Dependendo da quantidade de chuva, as águas do rio podem subir apenas alguns centímetros, formando uma pequena camada de água ao lado do rio, ou ainda podem subir rapidamente, atingindo alturas que chegam a cobrir o telhado das casas. Todos os anos nas áreas tropicais, ocorrem as chuvas fortes no final das tardes dos dias quentes de verão. Geralmente, essas chuvas duram pouco tempo, mas podem ser responsáveis pelas inundações. Mas tem também períodos em que chove por vários dias seguidos. Embora a chuva não seja concentrada, também pode causar inundações. A inundação é o processo que ocorre quando as águas do rio transbordam em função das chuvas e ocupam a área ao lado do rio, que são chamadas de planícies fluviais ou várzeas. Muitas vezes a inundação é confundida com outros fenômenos parecidos: A enchente (ou cheia) é o fenômeno em que as águas chegam até o ponto mais alto do rio, mas não transbordam. O alagamento não tem ligação com o rio, mas sim com bueiros entupidos ou áreas mais baixas que causam acumulação das águas da chuva. A enxurrada é um grande volume de água, que escorre em alta velocidade. Pode acontecer em áreas altas, onde a água da chuva segue para os lugares mais baixos, ou em locais que antes passavam rios, hoje canalizados, mas que continuam recebendo a água da vizinhança. Para entender isso, precisamos aprender o que é e como funciona a Bacia Hidrográfica: A Bacia Hidrográfica é toda a área que recebe as águas da chuva e as leva até o rio. As áreas onde começam os rios são chamadas de cabeceiras ou áreas de montante. Nesses locais a quantidade de água é pequena, mas, ao longo do seu caminho, o rio vai se encontrando com outros rios, que são chamados de afluentes ou contribuintes e, então, a quantidade de água vai se tornando maior. No trecho em que o rio já recebeu água de alguns afluentes, ele fica maior e mais largo. Esse trecho é chamado de médio curso, ou seja, é a metade do caminho que ele percorre até desaguar em outro rio ou no oceano. Essa parte final do rio é chamada de jusante. O local onde o rio deságua é conhecido como foz. As inundações costumam acontecer no médio curso ou na área de jusante. Essas são áreas mais baixas e planas, que tornam o fluxo das águas mais lento e concentrado. Quando chove forte, as águas chegam bem rápido ao médio curso e na jusante. Como nessas áreas o escoamento é lento, o nível da água sobe e pode transbordar para a área denominada planície fluvial, que é própria para acomodar as águas da inundação. A inundação pode ser benéfica para algumas atividades humanas. Em áreas rurais, algumas culturas, como do arroz, dependem das inundações para as plantas crescerem e se desenvolverem bem. Por isso são cultivados próximos aos rios. Entretanto, nas áreas urbanas, as inundações são vistas como problemas e prejuízos. Muitas vezes a ocupação urbana modifica o curso do rio, tornando-o retilíneo, para que ele ocupe menos espaço na planície. Esse processo, chamado retificação (que significa tornar reto), faz com que a velocidade das águas aumente, e que ocorram mais inundações do que antes, quando o curso era sinuoso, ou seja, cheio de curvas.

Eletrônica Básica
Malvino

Este capítulo trata dos métodos de aproximação do diodo. A aproximação a ser usada numa situação depende do que você está tentando fazer. Se for manutenção, a aproximação ideal é às vezes adequada. Sefor projeto, a terceira aproximação deve ser usada. Na maioria das vezes, a segunda aproximação é suficiente. Alguns dispositivos eletrônicos são lineares, o que significa que suas correntes são diretamente proporcionais às suas tensões. Eles são chamados lineares porque o gráfico da corrente versus tensão desses componentes é uma linha reta. O exemplo mais simples de um dispositivo linear é um resistor comum. Se você levantar seu gráfico da corrente versus tensão, obterá uma linha reta. Um diodo é diferente. Por causa da barreira de potencial, um diodo não age como um resistor. Conforme será visto, uma curva de corrente versus tensão para um diodo produz um gráfico não-linear. A Figura 3.1 mostra o símbolo esquemático de um diodo retificador. O lado p é chamado anodo e o lado n, catodo. O símbolo do diodo parece-se com uma seta que aponta do lado p para o lado n, do ano do para o catodo. Por isso, a seta do diodo lembra que a corrente convencional circula facilmente do lado p para o lado n. Se você usa o sentido real da corrente, os elétrons circulam facilmente contra a seta do diodo. Quando um fabricante produz um diodo para converter uma corrente alternada em corrente contínua, o diodo é chamado de diodo retificador.Uma de suas principais aplicações é nas fontes de alimentação- circuitos que convertem a tensão alternada em tensão contínua. A Figura 3.2 mostra o mais simples dos circuitos com diodo. Como analisar um circuito como esse? Quando você está analisando circuitos com diodos, uma das coisas a identificar é se o diodo está direta ou reversamente polarizado. Isso nem pergunta: o circuito externo está tentando fazer com que a corrente convencional circule no sentido da seta do diodo ou no sentido contrário? Se a corrente convencional for no mesmo sentido da seta do diodo, o diodo está diretamente polarizado. Se você preferir o sentido real da corrente, faça a você mesmo a pergunta declarada para o fluxo de elétrons livres. O circuito externo está tentando fazer com que os elétrons livres circulem no sentido da seta do diodo ou no sentido oposto? Se for no sentido oposto, o diodo conduz facilmente. A Figura 3.2 mostra um circuito que você pode montar no laboratório. Depois de montado, você pode medir a tensão no diodo e a corrente que circula por ele. Isso fornecerá pares correspondentes de I e V para usar no seu gráfico. A Figura 3.3 mostra o gráfico do diodo de silício diretamente polarizado. O que o gráfico nos diz? Para iniciar, a corrente é pequena para os primeiros décimos de tensão. Quando nos aproximamos de 0,7 V, os elétrons livres começam a cruzar a junção em grande quantidade. Acima de 0,7 V, o mais leve aumento na tensão do diodo produz um maior aumento na corrente. Mas aqui temos algo que pode ajudar. Faça a você mesmo a seguinte

O desejo do Papai Noel
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Certa noite, enquanto dormia, o Papai Noel teve um bonito sonho: era véspera de Natal e todos estavam felizes! Ninguém estava sozinho… Todos tinham família e uma casa com a mesa pronta para a ceia de Natal, onde não faltava comida e todos agradeciam ao bom Deus o pão de cada dia. Não havia pobreza, nem ódio, nem guerras. Todos eram amigos e não havia brigas, palavrões, nem má educação… Havia sim, caridade, compreensão e carinho entre todos. As pessoas que se encontravam nas ruas, a caminho de casa, cantarolavam alegremente músicas de Natal que antecipavam o nascimento do Menino Jesus em seus corações, levando os últimos presentes para colocar debaixo do pinheiro. E o Papai Noel não conseguia deixar de sorrir, de tanta felicidade, ao ver o mundo cheio de paz, amor e harmonia! Quando o Papai Noel acordou e viu que tudo não passava de um sonho, ficou muito triste. Afinal, só algumas pessoas no mundo eram felizes, capazes de reconhecer que aquela data não visava somente o consumo, mas o nascimento do Menino Deus, pois somente com a caridade é possível obter alegria e paz para todos os demais. Perante esta situação, o Papai Noel declarou em voz alta: “terei de continuar a ajudar as crianças e os adultos a terem um Natal realmente feliz! Vou preparar as renas e o meu trenó, instruir a todos os adultos sobre o verdadeiro sentido do Natal, para assim, eles ensinarem as crianças, além de enchê-lo com presentes e distribuílos esta noite, de modo a que, pelo menos uma vez por ano, haja alegria no coração de todos nós!” Quando viu os sorrisos das crianças e dos pais ao verem os seus presentes e ensinamentos, o Papai Noel decidiu manter esta tradição. Continua assim, ano após ano, a cumprir a sua tarefa, até que um dia possa ver o seu lindo sonho totalmente concretizado. Papai Noel foi inspirado em São Nicolau, bispo de Mira no Oriente, e é representado pela sua grande e generosa caridade. Nicolau nasceu em Patara, cidade da Ásia Menor, por volta do ano 250. Seus pais eram muito ricos e cristãos fervorosos. Desde criança Nicolau demonstrou inclinação para a virtude, para a vida espiritual e para a caridade. Quando jovem, não se importava com diversões e vaidades, mas preferia a vida de oração. Já morando com sua família em Mira, desenvolveu o costume de fazer doações anônimas, tanto em dinheiro quanto em roupas e alimentos para viúvas, pobres e necessitados.

Artigo
Revista Quem

Nanda Costa dá importância a cada pessoa que a ajudou a tornar-se uma grande atriz e uma mulher inspiradora fora das telas. Em entrevista por telefone, ela relembra, citando nome por nome, a coragem de sua mãe, Patrícia, ao seguir com a sua gravidez aos 16 anos, da avó, Maria Inês, à frente de seu tempo, que comandava os negócios da família, do apoio nos momentos mais difíceis que recebeu do avô, José, e da amiga, Marília, que lhe deu, ao lado dos pais, um lar enquanto ainda tentava a carreira de atriz em São Paulo após a morte de sua tia, Paula, com quem morava desde sua saída de Paraty, no Rio de Janeiro. O isolamento social que realizou em boa parte de 2020 reforçou ainda mais esse papel essencial que o outro tem em sua vida. Desfrutando de mais de uma de suas conquistas, a Érica, de Amor de Mãe, Nanda se viu obrigada no ano passado a pausar as gravações da novela das 9 para proteger a si mesma e ao outro do caos causado pelo coronavírus. “Foi o ano mais difícil da minha vida e creio que de todo mundo. A gente viu a importância do outro e entendeu que sozinho não consegue nada”, analisa. Mas não são só as pessoas reais que a ajudaram chegar aonde está. Nanda coleciona aprendizados com as personagens que tem interpretado desde sua estreia, em 2006, em Cobras & Lagartos, da TV Globo. Luzia, líder dos cangaceiros, de Entre Irmãs, tirou suas incertezas em relação à carreira e lhe deu a tranquilidade de saber que estava no caminho certo. A despachada camareira Sandra Helena, de Pega Pega, a ajudou a encontrar seu lado engraçado e a aprender a gargalhar de verdade na vida real. Mas talvez a mais importante seja a policial Maura, de Segundo Sol. Por meio da descoberta da sexualidade da personagem, Nanda se libertou dos medos que tinha e assumiu, no Dia dos Namorados de 2018, o relacionamento, de até então quatro anos, com a percussionista Lan Lanh. “Três personagens tiveram um grande impacto na minha vida pessoal. A Luzia me deu força, serenidade e tranquilidade para seguir minha carreira. Me aterrou como atriz. Com a Sandra Helena, perdi o medo do ridículo e aprendi a gargalhar com som. Depois veio a Maura, que me fez entender que eu poderia ajudar muitas pessoas. Recebia muitas mensagens de meninas falando que suas mães começaram a entender e respeitar as suas sexualidades por causa da personagem. Ninguém questionava a minha sexualidade na época, mas pensei: ‘Por que não faço isso por mim também?’. Assumi minha relação com a Lan e minha vida começou a fazer mais sentido”, lembra. Mas foi um longo processo até esse dia. O medo de ter sua carreira destruída pelo preconceito a fez omitir, por muitos anos, sua sexualidade. Afinal, Nanda teve que abrir mão de estar perto da família e enfrentar a desconhecida São Paulo para ser atriz. “A importância da representatividade é muito grande. Quando eu era adolescente e estava descobrindo minha sexualidade, não via nenhuma atriz falando abertamente sobre isso e trabalhando em novela, sendo capa de revista ou fazendo publicidade. Achava que eu era estranha e que se eu fosse dar margem para quem eu era de verdade, não alcançaria o meu objetivo. Era um medo profissional de não ser chamada mais para trabalhar e de colocar em risco todo o sacrifício que fiz para ser atriz.”

Branca de Neve e os Sete Anões

Era uma vez um rei que vivia num reino distante, com a sua filha pequena, que se chamava Branca de Neve. O rei, como se sentia só, voltou a casar, achando que também seria bom para a sua filha ter uma nova mãe. A nova rainha era uma mulher muito bela mas também muito má, e não gostava de Branca de Neve que, quanto mais crescia, mais bela se tornava. A rainha malvada tinha um espelho mágico, ao qual perguntava, todos os dias: - Espelho meu, espelho meu, haverá mulher mais bela do que eu? E o espelho respondia: - Não minha rainha, és tu a mulher mais bela! Mas uma manhã, a rainha voltou a perguntar o mesmo ao espelho, e este respondeu: - Tu és muito bonita minha rainha, mas Branca de Neve é agora a mais bela! Enraivecida, a rainha ordenou a um dos seus servos que levasse Branca de Neve até à floresta e a matasse, trazendo-lhe de volta o seu coração, como prova. Mas o servo teve pena da Branca de Neve e disse-lhe para fugir em direcção à floresta e nunca mais voltar ao reino. Já na floresta, Branca de Neve conheceu alguns animais, os quais se tornaram seus amigos. Também encontrou uma pequenina casa e bateu a sua porta. Como ninguém respondeu e a porta não estava fechada à chave, entrou. Era uma casa muito pequena, que tinha sete caminhas, todas muito pequeninas, assim como as cadeiras, a mesa e tudo o mais que se encontrava na casa. Também estava muito suja e desarrumada, e Branca de Neve decidiu arrumá-la. No fim, como estava muito cansada, deitou-se nas pequenas camas, que colocou todas juntas, e adormeceu. A casa era dos sete anões que viviam na floresta e, durante o dia, trabalhavam numa mina. Ao anoitecer, os sete anões regressavam à sua casinha, quando deram com Branca de Neve, adormecida nas suas caminhas. Que surpresa! Com tanta excitação, Branca de Neve acordou, espantada e rapidamente se apresentou: - Eu sou a Branca de Neve. E os sete anões, todos contentes, também se apresentaram: - Eu sou o Feliz! - Eu sou o Atchim e este é o Miudinho. - Eu sou o Sabichão, e estes são o Dorminhoco e o Envergonhado. - E eu sou o Rezingão! - Prazer em conhecê-los. Respondeu Branca de Neve, e logo contou a sua triste história. Os anões convidaram Branca de Neve a viver com eles e ela aceitou, prometendo-lhes que tomaria conta da casa deles. Mas a rainha má, através do seu espelho mágico, descobriu que Branca de Neve estava viva e que vivia na floresta com os anões. Então, furiosa, vestiu-se de senhora muito velha e feia e foi ter com Branca de Neve. Com ela levou um cesto de maças, no qual tinha colocado uma maça vermelha que estava envenenada! Quando viu Branca de Neve, cumprimentou-a gentilmente, e ofereceu-lhe a maça que tinha veneno. Ao trincá-la, Branca de Neve caiu, como se estivesse morta. A malvada rainha fugiu e, avisados pelos animais do bosque, os sete anões regressam apressadamente a casa, encontrando Branca de Neve caída no chão. Muito chorosos, os anões colocam Branca de Neve numa caixa de vidro, rodeada por flores. Estavam todos em volta de Branca de Neve, quando surgiu, no meio do bosque, um príncipe no seu cavalo branco. Ao ver Branca de Neve, o príncipe de imediato se apaixonou por ela e, num impulso, beijo-a. Branca de Neve acordou: Afinal estava viva! Os anões saltaram de alegria e Branca de Neve ficou maravilhada com o príncipe! O príncipe levou Branca de Neve para o seu castelo, onde casaram e viveram muito felizes para sempre.

Memórias Póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis

Lobo Neves, a princípio, metia-me grandes sustos. Pura ilusão! Como adorasse a mulher, não se vexava de mo dizer muitas vezes; achava que Virgília era a perfeição mesma, um conjunto de qualidades sólidas e finas, amorável, elegante, austera, um modelo. E a confiança não parava aí. De fresta que era, chegou a porta escancarada. Um dia confessou-me que trazia uma triste carcoma na existência; faltava-lhe a glória pública. Animei-o; disse-lhe muitas coisas bonitas, que ele ouviu com aquela unção religiosa de um desejo que não quer acabar de morrer; então compreendi que a ambição dele andava cansada de bater as asas, sem poder abrir o vôo. Dias depois disse-me todos os seus tédios e desfalecimentos, as amarguras engolidas, as raivas sopitadas; contou-me que a vida política era um tecido de invejas, despeitos, intrigas, perfídias, interesses, vaidades. Evidentemente havia aí uma crise de melancolia; tratei de combatê-la. — Sei o que lhe digo, replicou-me com tristeza. Não pode imaginar o que tenho passado. Entrei na política por gosto, por família, por ambição, e um pouco por vaidade. Já vê que reuni em mim só todos os motivos que levam o homem à vida pública; faltou-me só o interesse de outra natureza. Vira o teatro pelo lado da platéia; e, palavra, que era bonito! Soberbo cenário, vida, movimento e graça na representação. Escriturei-me; deram-me um papel que... Mas para que o estou a fatigar com isto? Deixe-me ficar com as minhas amofinações. Creia que tenho passado horas e dias... Não há constância de sentimentos, não há gratidão, não há nada... nada.... nada... Calou-se, profundamente abatido, com os olhos no ar, parecendo não ouvir coisa nenhuma, a não ser o eco de seus próprios pensamentos. Após alguns instantes, ergueu-se e estendeu-me a mão: — O senhor há de rir-se de mim, disse ele; mas desculpe aquele desabafo; tinha um negócio, que me mordia o espírito. E ria, de um jeito sombrio e triste; depois pediu-me que não referisse a ninguém o que se passara entre nós; ponderei-lhe que a rigor não se passara nada. Entraram dois deputados e um chefe político da paróquia. Lobo Neves recebeuos com alegria, a princípio um tanto postiça, mas logo depois natural. No fim de meia hora, ninguém diria que ele não era o mais afortunado dos homens; conversava, chasqueava, e ria, e riam todos. Deve ser um vinho enérgico a política, dizia eu comigo, ao sair da casa de Lobo Neves; e fui andando, fui andando, até que na Rua dos Barbonos vi uma sege, e dentro um dos ministros, meu antigo companheiro de colégio. Cortejamo-nos afetuosamente, a sege seguiu, e eu fui andando... andando... andando... — Por que não serei eu ministro? Esta idéia, rútila e grande, — trajada ao bizarro, como diria o Padre Bernardes, — esta idéia começou uma vertigem de cabriolas e eu deixei-me estar com os olhos nela, a achar-lhe graça. Não pensei mais na tristeza de Lobo Neves; sentia a atração do abismo. Recordei aquele companheiro de colégio, as correrias nos morros, as alegrias e travessuras, e comparei o menino com o homem, e perguntei a mim mesmo por que não seria eu como ele. Entrava então no Passeio Público, e tudo me parecia dizer a mesma coisa. — Por que não serás ministro, Cubas? — Cubas, por que não serás ministro de Estado? Ao ouvi-lo, uma deliciosa sensação me refrescava todo o organismo. Entrei, fui sentar-me num banco, a remoer aquela idéia. E Virgília que havia de gostar! Alguns minutos depois vejo encaminhar-se para mim uma cara, que não me pareceu desconhecida. Conhecia-a, fosse donde fosse. Imaginem um homem de trinta e oito a quarenta anos, alto, magro e pálido. As roupas, salvo o feitio, pareciam ter escapado ao cativeiro de Babilônia; o chapéu era contemporâneo do de Gessler. Imaginem agora uma sobrecasaca, mais larga do que pediam as carnes, — ou, literalmente, os ossos da pessoa; a cor preta ia cedendo o passo a um amarelo sem brilho; o pêlo desaparecia aos poucos; dos oito primitivos botões restavam três. As calças, de brim pardo, tinham duas fortes joelheiras, enquanto as bainhas eram roídas pelo tacão de um botim sem misericórdia nem graxa. Ao pescoço flutuavam as pontas de uma gravata de duas cores, ambas desmaiadas, apertando um colarinho de oito dias. Creio que trazia também colete, um colete de seda escura, roto a espaços, e desabotoado. — Aposto que me não conhece, Sr. Dr. Cubas? disse ele. — Não me lembra... — Sou o Borba, o Quincas Borba.

Chapeuzinho Vermelho

Era uma vez uma doce menininha. Todos a chamavam de Chapeuzinho Vermelho, porque ela sempre usava uma capa vermelha que a sua avó havia lhe dado de presente. Um dia, a mãe de Chapeuzinho Vermelho disse: – Aqui, filha, pegue esta cesta e leve para sua vovó. Aí dentro tem pão, manteiga, bolo e frutas. Ela está se sentindo doente e espero que isso faça com que ela fique melhor. Não converse com estranhos, não saia do caminho e vá direto para a casa de sua avó. A avó de Chapeuzinho Vermelho morava há meia hora de distância por dentro da floresta, do lado de fora da aldeia. Então Chapeuzinho Vermelho saiu logo de casa. Assim que ela entrou na floresta, apareceu um lobo por detrás de uma árvore. Ela não se assustou, porque ela não sabia que lobos são perigosos. – Bom dia, Chapeuzinho Vermelho! – o lobo cumprimentou. – Bom dia, Senhor Lobo – ela respondeu. – Para onde você vai? – Estou indo visitar minha vovó, porque ela não está se sentindo bem. – O que você tem aí dentro da cesta? – perguntou o lobo. – Eu tenho pães, manteiga, bolo e frutas para levar para minha vó! – Excelente! E onde sua vovozinha mora?- perguntou o lobo, e Chapeuzinho Vermelho explicou exatamente o local da casa da sua avó. Eles andaram juntos por um tempo. Aí, o lobo falou: – Olha que lindas flores que temos aqui! Por que você não pega algumas delas para sua vovó? Ela olhou em volta e viu todas aquelas flores lindas. Chapeuzinho Vermelho achou que sua vovó ficaria muito feliz em ganhar flores e, mesmo depois do conselho de sua mãe, saiu do caminho para colhê-las. Chapeuzinho Vermelho foi para dentro da floresta densa para colher as flores, e o lobo foi direto para a casa da vovó. Ele bateu na porta e escutou uma voz lá de dentro da casa: – Quem é? – Sou eu, Chapeuzinho Vermelho. Eu trouxe pão, manteiga, bolo e frutas! – disse o lobo, disfarçando a voz. – Ah, que gentileza! Empurre bem a porta para entrar. Eu não tenho forças para ir aí abrir. O lobo entrou na casa, foi até a cama da velhinha e a prendeu no armário para comer mais tarde! Aí, ele vestiu as roupas dela e deitou na cama. Quando Chapeuzinho Vermelho chegou na casa de sua avó, ela percebeu que a porta estava aberta. Ela entrou e foi até o quarto. Normalmente ela sentia-se muito feliz na casa de sua vovó, mas naquele dia havia algo de estranho. – Bom dia! – disse Chapeuzinho Vermelho, mas ninguém respondeu. A vovó estava com uma aparência estranha. – Nossa, Vó, que orelhas grandes você tem! – exclamou Chapeuzinho Vermelho. – É para te escutar melhor! – o lobo respondeu, disfarçando a voz. – Puxa, Vovó, que olhos grandes você tem! – É para te ver melhor! – Vovó, que mãos enormes você tem! – É para te tocar melhor! – o lobo disse. – Uau, Vovó, que boca enorme você tem! – exclamou Chapeuzinho Vermelho. – É para te comer melhor!!! O lobo gritou, pulou fora da cama e começou a perseguir a Chapeuzinho Vermelho pela floresta! Um caçador que estava passando por perto, escutou a gritaria e correu para ajudar. Assim que viu que era o lobo ele pensou: – Finalmente encontrei! O caçador estava atrás desse lobo há muito tempo! Ele conseguiu alcançar o lobo e o capturou salvando a Chapeuzinho que disse: – Obrigada! Precisamos agora descobrir onde está minha avozinha! Ele então obrigou o lobo a contar onde tinha escondido e foram salvar a pobre velhinha. Depois disso mandou o lobo para um lugar onde nunca mais pudesse perseguir nem comer ninguém. Os três então foram comer o bolo e frutas que a Chapeuzinho tinha levado para a vovó, felizes em saber que o lobo não seria mais um perigo para eles. Depois desse dia ela decidiu nunca mais sair do caminho e escutar com mais atenção o que a sua mãe tem a dizer!

Harry Potter e a Pedra Filosofal
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O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado. Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, porque simplesmente não compactuavam com esse tipo de bobagem. O Sr. Dursley era Diretor de uma firma chamada Grunnings, fazia perfurações. Era um homem alto e corpulento quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes. A Sra. Dursley era loura e tinha um pescoço quase duas vezes mais comprido que o normal o que era muito útil porque ela passava grande parte do tempo espichando-o por cima da cerca do jardim para espiar os vizinhos. Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, o Duda, e em sua opinião não havia garoto melhor em nenhum lugar do mundo. Os Dursley tinham tudo que queriam, mas tinham também um segredo, e seu maior receio era que alguém o descobrisse. Achavam que não iriam agüentar se alguém descobrisse a existência dos Potter. A Sra. Potter era irmã da Sra. Dursley, mas não se viam há muitos anos, na realidade a Sra. Dursley fingia que não tinha irmã, porque esta e o marido imprestável eram o que havia de menos parecido possível com os Dursley. Eles estremeciam só de pensar o que os vizinhos iriam dizer se os Potter aparecessem na rua. Os Dursley sabiam que os Potter tinham um filhinho também, mas nunca o tinham visto. O garoto era mais uma razão para manter os Potter à distância, eles não queriam que Duda se misturasse com uma criança daquelas. Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira monótona e cinzenta em que a nossa história começa não havia nada no céu nublado lá fora sugerindo as coisas estranhas e misteriosas que não tardariam a acontecer por todo o país. O Sr. Dursley cantarolava ao escolher a gravata mais sem graça do mundo para ir trabalhar e a Sra. Dursley fofocava alegremente enquanto lutava para encaixar um Duda aos berros na cadeirinha alta. Nenhum deles reparou em uma coruja parda que passou, batendo as asas, pela janela. Às oito e meia, o Sr. Dursley apanhou a pasta, deu um beijinho no rosto da Sra. Dursley e tentou dar um beijo de despedida em Duda, mas não conseguiu, porque na hora Duda estava tendo um acesso de raiva e atirava o cereal nas paredes. - Pestinha - disse rindo contrafeito o Sr. Dursley ao sair de casa. Entrou no carro e deu marcha à ré para sair do estacionamento do número quatro. Foi na esquina da rua que ele notou o primeiro indício de que algo estranho ocorria um gato lia um mapa. Por um instante o Sr. Dursley não percebeu o que vira - em seguida virou rapidamente a cabeça para dar uma segunda olhada. Havia um gato de listras amarela, sentado na esquina da Rua dos Alfeneiros, mas não havia nenhum mapa à vista. Em que estaria pensando naquela hora? Devia ter sido um efeito da luz. Ele piscou e arregalou os olhos para o gato.

Os Três Porquinhos

Era uma vez uma feliz família de porquinhos que tinha três filhos. Os porquinhos foram crescendo e os pais notavam que estavam muito dependentes. Não ajudavam no trabalho de casa nem se esforçavam em nada. Então um dia, eles se reuniram e decidiram que os porquinhos, que já estavam bem crescidos, fossem morar sozinhos. Os pais deram um pouco de dinheiro a cada um, alguns bons conselhos. Os três porquinhos partiram para o bosque em busca de um bom lugar para construir, cada um, a sua casa. O primeiro porquinho, que era o mais preguiçoso de todos, foi logo optando por construir uma casa rápida e que não necessitasse muito esforço. E construiu uma casa de palha, embora os seus irmãos lhe tenham dito que não era segura. O segundo porquinho, que era menos preguiçoso que o primeiro mas que tampouco gostava de trabalhar, construiu uma casa de madeira, porque pensava que era mais prática e resistente. O terceiro porquinho, o mais sensato de todos e mais trabalhador, preferiu construir uma casa de tijolos. Demorou mais para construí-la mas depois de três dias de intenso trabalho a casa estava prontinha. Os três porquinhos ouviram falar que um perigoso lobo rondava pelo bosque. E não demorou muito para que aparecesse pelas suas casas, em busca de uma boa carne de porco para comer. O lobo então foi bater na porta da casa do primeiro porquinho. O porquinho, tentando intimidá-lo disse: – Vá embora seu lobo. Aqui você não vai entrar. O lobo insistiu e disse: – Abra logo esta porta ou soprarei e soprarei e a sua casa destruirei. Vendo que o porquinho não abria a porta da casa, o lobo começou a soprar e soprar tão forte que a casa de palha voou pelos ares. O porquinho, desesperado, acabou correndo em direção à casa de madeira do seu irmão. O lobo correu atrás dele, mas não conseguiu alcançá-lo. O lobo então foi bater na porta da casa do segundo porquinho. O porquinho, tentando intimidá-lo disse: – Vá embora seu lobo. Na minha casa de madeira você não vai conseguir entrar. O lobo insistiu e disse: – Abram logo esta porta ou soprarei e soprarei e esta casa destruirei. Vendo que os porquinhos não abriam a porta da casa, o lobo começou a soprar e soprar tão forte que a casa de madeira caiu e ficou em pedaços. Os porquinhos, desesperados, acabaram correndo em direção à casa de tijolo e cimento do outro irmão. O lobo correu atrás deles, mas não conseguiu alcançá-los. O lobo então foi bater na porta da casa do terceiro porquinho. Os porquinhos tentando intimidá-lo cantaram: Quem tem medo do lobo mau Lobo mau, lobo mau?! Quem tem medo do lobo mau?! Ele é um cara legal! O lobo ficava cada vez mais furioso e gritou: – Abram a porta, já!!! E os porquinhos responderam: – Vá embora seu lobo. Você não conseguirá derrubar esta casa porque está feita com tijolo e cimento. O lobo insistiu e disse: – Abram logo esta porta ou soprarei e soprarei e esta casa destruirei. Vendo que os porquinhos não abriam a porta da casa, o lobo começou a soprar, soprar, soprar, e a casa continuava inteira no seu lugar. O lobo ficou tão cansado que acabou sentando-se ao pé da porta para descansar. Enquanto isso, pensou e pensou em como entrar na casa e teve uma idéia. Foi buscar uma escada para subir ao telhado da casa e entrar na casa pela chaminé. Os porquinhos, vendo o que tramava o lobo, reagiram logo. Puseram a ferver um balde enorme de água, e o colocou no final da chaminé e esperaram. Quando o lobo entrou na chaminé, caiu bem dentro do balde cheio de água fervendo. – Uai, uai, Uaiiiiii!!!!!!!! Gritou o lobo, saindo correndo ao lago para aliviar as suas queimaduras e assustado, nunca mais voltou a molestar os porquinhos. E quanto aos porquinhos, aprenderam a lição de que tudo o que é feito com esforço tem melhor resultado. Os três porquinhos decidiram morar juntos e todos viveram felizes e harmonia.

A Enchente
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Chama o Alexandre ! Chama ! Olha a chuva que chega! É a enchente. Olha o chão que foge com a chuva … Olha a chuva que encharca a gente. Põe a chave na fechadura. Fecha a porta por causa da chuva, olha a rua como se enche ! Enquanto chove bota a chaleira no fogo: olha a chama! Olha a chispa. Olha a chuva nos feixes de lenha ! Vamos tomar chá pois a chuva é tanta que nem de galocha se pode andar na rua cheia ! Chama o Alexandre ! Chama !

A escolha dos fundos de ações
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Os fundos de investimento de todos os tipos no mundo administravam 50 trilhões de dólares dos Estados Unidos da América ao final do primeiro trimestre de 2019, dos quais 44% estavam aplicados em fundos de investimento em ações (FIAs). A indústria brasileira de fundos de investimentos era a 11ª maior do mundo e a maior da América Latina pelo montante de seus ativos, segundo o Investment Company Institute (ICI, 2019). Os gestores de fundos brasileiros eram responsáveis por administrar mais de 284 bilhões de reais em ativos em dezembro de 2018, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima, 2018). Contudo, os FIAs correspondiam a apenas cerca de 7% desse valor, enquanto 43% estavam alocados na categoria de renda fixa (Anbima, 2018). O longo período com altas taxas de juros no Brasil pode estar em fase de transição, uma vez que as principais taxas de referência da economia alcançaram, recentemente, valores historicamente baixos, enquanto o índice Bovespa (Ibovespa) vem apresentando máximos históricos sucessivamente, de acordo com dados extraídos da base de dados Economatica®. Esse movimento do mercado estimula a migração de investimentos mais conservadores para alternativas com mais risco, tal como os FIAs (Daltro & Leal, 2019). A escolha de um FIA, portanto, é uma decisão de investimento cada vez mais importante e motivou este artigo (Mendonça et al., 2017; Oliveira & Souza, 2015). Há grande quantidade de FIAs e gestoras e o processo de tomada de decisão pode envolver diversas variáveis. Entre essas estão o desempenho histórico do fundo, a taxa de administração e a performance cobrada pelos gestores, a fase do mercado de ações, os indicadores de ajustamento ao risco, além de aspectos qualitativos e subjetivos, tal como a habilidade e a reputação do gestor e de sua instituição (Mendonça et al., 2017; Oliveira & Souza, 2015; Silva et al., 2018). Os investidores podem ter informações sobre o desempenho futuro do fundo que não estão contempladas nos parâmetros diretamente observáveis por meio de dados públicos ou históricos, uma vez que seu processo de tomada de decisão pode se dar de forma mais complexa do que apenas pela análise desses parâmetros observáveis, podendo contemplar aspectos qualitativos e subjetivos (Dyakov & Verbeek, 2019). O return gap de Kacperczyk et al. (2008) captura o impacto de ações e decisões dos gestores do fundo que não são observáveis por meio de dados históricos e outras informações públicas. Esses autores afirmam que o return gap tem forte poder de previsão quanto à performance futura de fundos de ações nos Estados Unidos da América. No caso do mercado de ações brasileiro, a Instrução 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2014) diz que o administrador do fundo deve divulgar mensalmente a composição da carteira, tendo até 90 dias após o encerramento do mês, ou excepcionalmente 180 dias; nesse caso, mediante autorização da CVM, para revelar a identificação de posições cuja divulgação possa prejudicar operações em curso. Dessa forma, o return gap de um fundo num determinado mês no Brasil será o retorno de fato obtido pelo FIA nos três meses que sucedem a divulgação integral da carteira sem excepcionalidades subtraído do retorno buy and hold da carteira divulgada há três meses, durante o mesmo período de três meses, líquido da taxa de administração. Este artigo tem como primeiro objetivo verificar se há relação positiva entre informações não observáveis mais favoráveis, representadas pelo return gap, e o fluxo líquido de alocação do capital (captações e resgates dos FIAs). O segundo objetivo é averiguar se o retorno futuro dos FIAs mantém relação positiva fora da amostra com o return gap, mesmo depois de se controlar para os fatores de risco do modelo de Carhart (1997), sugerindo que os investidores que atuam no mercado brasileiro são capazes de identificar bons gestores por meio de parâmetros que não são diretamente observáveis.

A princesa e a ervilha
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Era uma vez um príncipe que viajou pelo mundo inteiro à procura de uma princesa. Para ele, ela tinha de ser linda e de sangue azul, uma verdadeira dama! Mas depois de muitos meses a viajar de país em país, o príncipe voltou para o seu reino, muito triste e abatido pois não tinha conseguido encontrar nenhuma princesa que atendesse suas expectativas. Numa noite fria e escura de inverno, quando o príncipe já pensava ser impossível encontrar uma princesa, houve uma terrível tempestade. No meio da tempestade, alguém bateu à porta do castelo. O velho rei intrigado foi abrir a porta. Qual não foi a sua surpresa ao ver uma bela menina completamente molhada da cabeça aos pés. A menina disse: – Posso passar a noite aqui no seu castelo, senhor? Fui surpreendida pela tempestade enquanto viaja de volta para o meu reino. Estou com fome e frio e não tenho onde ficar… O rei desconfiado perguntou: – Você é uma princesa? – Sim, senhor – respondeu timidamente a menina. – Então entre, pois seria imperdoável da minha parte deixá-la lá fora numa noite como esta! – Respondeu o rei, não muito convencido de se tratar mesmo de uma princesa. Enquanto a princesa se secava e mudava de roupa, o rei informou a rainha daquela visita inesperada. A rainha pôs-se a pensar e, com um sorriso matreiro, disse: – Vamos já descobrir se se trata de uma verdadeira princesa ou não… A rainha subiu ao quarto de hóspedes onde ia ficar a princesa e, sem ninguém ver, tirou a roupa de cama e colocou por baixo do colchão uma ervilha. Em seguida colocou por cima da cama mais vinte colchões e edredões e, finalmente, a roupa de cama. Então, desceu a escadaria e dirigiu-se à princesa, apresentando-se, e dizendo amavelmente: – Já pode subir e descansar. Amanhã falaremos com mais calma sobre a menina e o seu reino… A princesa subiu e deitou-se naquela cama estranha que mais parecia uma montanha! Na manhã seguinte, a princesa desceu para tomar o pequeno almoço. O rei e a rainha já estavam sentados à mesa. A princesa saudou os reis e sentou-se. Então a rainha perguntou: – Como passou a noite, princesa? – Bem, a verdade é que não consegui dormir nada naquela cama tão incômoda… senti qualquer coisa no colchão que me incomodou toda a noite e deixou o meu corpo todo dolorido! O rei levantou-se e, muito ofendido, exclamou: – Impossível! Nunca nenhum convidado se queixou dos nossos excelentes colchões de penas! Mas a rainha interrompe-o e disse com um sorriso: – Pode sim! – E explicou ao rei o que tinha feito para ver se realmente se tratava de uma princesa ou alguém a querer enganá-los. A rainha levantou-se e disse a todos: – Só uma verdadeira princesa com uma pele tão sensível e delicada é capaz de sentir o incômodo de uma ervilha através de vinte colchões e edredões!. O rei e a rainha apresentaram a princesa ao seu filho o príncipe e ele, mal a viu, ficou logo apaixonado. Ao fim de alguns dias, o príncipe casou com a moça, com a certeza de ter encontrado finalmente uma princesa verdadeira que há tanto tempo procurava. E a partir daquele dia, a ervilha passou a fazer parte das joias da coroa, para que todos se lembrassem da história da princesa ervilha.

Arquitetura Brasileira -- Tradição e Utopia
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Levados para a Europa por navegantes franceses em meados do século XVI, cerca de 50 índios brasileiros foram expostos ao público da cidade de Rouen, em 1550, na “Entrada” que homenageava o rei Henrique II e Catarina de Médici, sua consorte (Figura 1). Os armadores e comerciantes locais, promotores do evento, pretendiam incutir no monarca o interesse pela América Austral. A “França Antártica”, sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon, que existiu no Rio de Janeiro pelo breve período de 1555 a 1570, revela que a estratégia funcionou. Maurice Sève, presente na comemoração, publicou no ano seguinte a “Narrativa da suntuosa entrada”, fonte para Ferdinand Denis publicar, em 1850, Uma festa brasileira celebrada em Ruão em 1550 (2007). O filósofo Michel de Montaigne, também presente na festa, se refere ao fato em “Dos canibais”, capítulo de Ensaios (1987), e rememora duas falas dos indígenas que revelam inteligência e sensatez: a obediência incompreensível de homens adultos e barbados às vontades de uma criança (se referia a Carlos IX, filho do rei, de apenas cinco anos); e a submissão silenciosa de legiões de pobres (Figura 2). Montaigne destaca o canibalismo ritual, e se encanta com o comunismo primitivo de uma sociedade utópica alocada em um locus paradisíaco: “É um país [...] onde não existe hierarquia política, [...], nem ricos e pobres. [...] A região em que esses povos habitam é de resto muito agradável. O clima é temperado [...]. Têm peixe e carne em abundância, e de excelente qualidade” (MONTAIGNE, 1987, p. 102). O texto inspira Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) na construção dos mitos do bom selvagem e da liberdade original do homem, propostos no Discurso sobre a origem da desigualdade, de 1755, e no Contrato social, de 17623. A tríade da revolução francesa – liberdade, igualdade, fraternidade – se funda nos direitos naturais concebidos por Rousseau, assim como na crítica de Karl Marx à propriedade privada ressoam as palavras de Thomas Morus e as de Rousseau4. Nomes e fatos históricos alinhados por Oswald de Andrade em seu “Manifesto antropófago”, de 1928 (Figura 3): Segundo Benedito Nunes (1972, p. xxix), um “ato de reintegração de posse”, afinal, na afirmação de Oswald de Andrade (1928), “sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem”. A articulação entre o primitivismo caraíba e a modernidade europeia tem sua primeira formulação na fórmula oswaldiana “a floresta e a escola”5 presente no “Manifesto da poesia pau-brasil” de 1924 (Figura 4), com a tentativa de conciliação entre elementos da vida civilizada – estrada de ferro, arranha-céus, energia elétrica, ciências – e o modo de vida pacato e hospitaleiro da secular acomodação ao meio ambiente tropical6. A antropofagia estabelece uma metodologia ao assumir postura proativa: deglutir o inimigo, assimilar suas qualidades, retomar aquilo que saqueou; e descontruir o que não interessa – a religião opressora, a castração da sexualidade, a erudição estéril do bacharelismo – com a paródia de nosso “lado doutor”, postiço, imitativo dos costumes europeus. O aporte freudiano presente nas referências a Totem e tabu se desdobra em projeto político presente no mito do matriarcado de Pindorama7, onde o poder hierárquico masculino é substituído por relações democráticas horizontais do universo feminino. As fontes literárias e intelectuais que Oswald de Andrade manipula para conceber seu “Matriarcado do Pindorama” são buscadas não só na mitologia local, mas também na tradição europeia, situação de mútua influência onde original e cópia se mesclam, se alteram e se amalgamam. Outro caso exemplar, as informações antropológicas presentes no romance antropofágico Macunaíma são buscadas por Mário de Andrade em fontes locais e no livro Vom Roraima zum Orinoco, do etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg, de 1917.

Relação entre níveis conceituais
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A teoria da psicogênese da escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999) pressupõe um processo evolutivo de apropriação da língua escrita por meio do qual as crianças se esforçam para compreender o que os sinais gráficos da escrita representam e como eles são organizados para formar um sistema notacional. Os níveis que constituem esse processo são orientados pelas hipóteses formuladas pelas crianças em torno dessas duas questões. Na primeira fase (pré-silábica), as crianças estabelecem distinção entre o modo de representação icônico e não icônico, apreendendo a função simbólica da escrita. Para Ferreiro e Teberosky (1999), essa construção permite que as crianças comecem a observar as propriedades da escrita: espaços em branco que separam as palavras em um texto escrito, extensão do texto, diferenciação das letras de outros sinais gráficos no texto, formato das letras, dentre outros. Nesta fase, ainda, as crianças buscam controlar as variações na escrita sob os eixos qualitativos e quantitativos, estabelecendo condições gráficas para diferenciar as escritas que definem o que pode ser interpretado. Duas condições gráficas são estabelecidas para considerar as escritas: a quantidade suficiente e a variedade de letras na configuração gráfica das palavras. Nas fases seguintes, que se distinguem da primeira pela fonetização da escrita, as crianças estabelecem progressivamente relações entre oralidade e escrita. Na fase silábica, as crianças, buscando fazer coincidir a escrita ao número de sílabas percebidas na pronúncia das palavras, registram uma letra para cada sílaba da palavra, inicialmente, sem estabelecer correspondência com as propriedades sonoras das sílabas. No momento em que surge a questão sobre quais letras devem ser escritas, elas passam a usar letras com valores sonoros relativamente estáveis para o registro das sílabas. O período de transição entre a escrita silábica e uma outra que considere o fonema como unidade a ser representada pelas letras se configura como uma fase evolutiva - fase silábico-alfabética. Os registros das crianças evidenciam que a hipótese silábica não é abandonada logo que elas começam a reconstruir suas ideias com base na natureza alfabética do sistema de escrita; ela vai se desestabilizando progressivamente pela hipótese alfabética, que vai, por sua vez, se consolidando. As crianças percebem, então, que não é possível registrar o segmento silábico com apenas uma letra, elas buscam estabelecer alguma regularidade na combinação de letras para conseguirem representar a estrutura interna das unidades silábicas da palavra. Na fase alfabética, a última no processo de compreensão do princípio alfabético, a criança demonstra ter compreendido a relação fonema-grafema e centra sua atenção na análise dos fonemas na pronúncia das palavras, quando está produzindo suas escritas. Para Ferreiro e Teberosky (1999), “a partir desse momento, a criança se defrontará com as dificuldades próprias da ortografia, mas não terá problemas de escrita, no sentido estrito” (p. 219).

Bíblia
Lucas

Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo Diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome. O Diabo lhe disse: "Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão". Jesus respondeu: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem'". O Diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. E lhe disse: "Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser. Então, se me adorares, tudo será teu". Jesus respondeu: "Está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'". O Diabo o levou a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: "Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: " 'Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para o guardarem; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra'". Jesus respondeu: "Dito está: 'Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus'". Tendo terminado todas essas tentações, o Diabo o deixou até ocasião oportuna. Jesus voltou para a Galileia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama. Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor". Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; e ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir". Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: "Não é este o filho de José?" Jesus lhes disse: "É claro que vocês me citarão este provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum' ". Continuou ele: "Digo a verdade: Nenhum profeta é aceito em sua terra. Asseguro a vocês que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio e houve uma grande fome em toda a terra. Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom. Também havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado - somente Naamã, o sírio". Todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos quando ouviram isso. Levantaram-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o topo da colina sobre a qual fora construída a cidade, a fim de atirá-lo precipício abaixo. Mas Jesus passou por entre eles e retirou-se.

Boletim
FIOCRUZ

Sequências genéticas e dados clínicos e epidemiológicos dos vírus influenza e Sars-CoV-2. Dados geográficos e específicos de espécies associadas a vírus aviários e outros animais. Estes conteúdos, fundamentais para ajudar pesquisadores nacionais e internacionais a compreender mais rapidamente como os vírus evoluem e se espalham durante epidemias e pandemias, podem ser encontrados na plataforma internacional de dados genômicos GISAID. Desde o início da pandemia de Covid-19, mais de 125 mil sequências genômicas virais do novo coronavírus já foram compartilhadas com especialistas de todo o mundo. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está ampliando sua colaboração de longa data com o GISAID sobre os vírus da influenza, originalmente conhecida como Global Initiative on Sharing All Influenza Data, juntando-se ao apelo dos Estados Membros da OMS para apoiar a plataforma. Atualmente, a Fundação é responsável pela curadoria dos dados globais submetidos ao GISAID no fuso horário das Américas. A equipe de curadores é responsável pela análise dos dados, o que permite o compartilhamento confiável e em tempo real das informações: as sequências depositadas são analisadas e disponibilizadas online em até 2 horas, em média. “A Fiocruz tem desempenhado papel essencial durante a pandemia. Nossa parceria público-privada sem dúvida contribuirá para o avanço da capacidade de bioinformática no Brasil e na região, possibilitando colaborações indispensáveis para o progresso da saúde pública, bem como de pesquisa e desenvolvimento, lançando as bases para servir também a outros patógenos prioritários”, afirma Peter Bogner, presidente da Iniciativa GISAID. Os especialistas da Fiocruz também contribuem para o desenvolvimento de novas ferramentas de pesquisa que facilitem e aprimorem o depósito e análise dos genomas. "Para o rápido progresso no entendimento da Covid-19 e suas complicações é fundamental a colaboração científica mundial. Por meio dos dados da plataforma, é possível avançar em pesquisa e desenvolvimento de possíveis vacinas e medicamentos, além de manter os kits de diagnóstico sempre atualizados com os genomas circulantes e a vigilância da dispersão dos vírus sempre alerta. Os dados do GISAID devem ser utilizados prioritariamente para fins de saúde publica", frisa a coordenadora brasileira da iniciativa, a pesquisadora Paola Cristina Resende, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A Plataforma possui acesso aberto e gratuito e incentiva a implementação de projetos colaborativos entre grupos de todas as partes do mundo. Para conhecer, clique aqui.

Caracterização e uso da cinza do bagaço de
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Os materiais de construção (aço, concreto, tijolos queimados, etc.) são considerados materiais com altos níveis de carbono incorporado devido ao seu processo de fabricação originar a liberação de grandes volumes de gases de efeito estufa na atmosfera (TRAN; SATOMI; TAKAHASHI, 2018). Atualmente, o custo dos materiais de construção convencionais tem aumentado devido à energia necessária para a produção, contribuindo para a escassez de recursos naturais e o alto custo de transporte entre as fábricas e o canteiro de obras. Essas preocupações econômicas e ambientais têm gerado cada vez mais interesse em pesquisas que envolvam materiais de construção alternativos, como tijolos de solo-cimento e técnicas de construção mais sustentáveis (DANSO et al., 2015). Os tijolos de solo-cimento têm se destacado como uma opção atraente para futuras construções. Estes tijolos apresentam baixo custo de produção e são considerados ambientalmente amigáveis, visto que, em seu processo de fabricação, não se emprega a queima, em comparação com os tijolos cerâmicos convencionais (RODRIGUES; HOLANDA, 2015). Os tijolos de solo-cimento são fabricados a partir da mistura em proporções adequadas de solo pulverizado, cimento e água. A adição de cimento ao solo contribui significativamente para o aumento de sua resistência mecânica, tornando o material final estruturalmente resistente, estável e durável (KOLLING; TROGELLO; MODOLO, 2012). Apesar do solo ser o elemento com maior proporção nos tijolos, a quantidade de cimento utilizada para estabiliza-lo ainda é considerada alta. A produção de cimento contribui significativamente para a emissão de gases do efeito estufa através da liberação de grandes volumes de dióxido de carbono (CO2). Estima-se que a produção de 1 tonelada de Cimento Portland libere na atmosfera 1 tonelada de CO2 (SCHNEIDER et al., 2011). Consequentemente, uma forma bem-sucedido de reduzir o impacto ambiental relacionado ao uso do cimento constitui na sua substituição parcial por materiais cimentícios suplementares (MCS), muitas vezes provenientes de indústrias ou resíduos (CHANDRA PAUL et al., 2019). Além de possuírem características sustentáveis, dependendo da sua atividade pozolânica, os MCS podem melhorar a resistência e a durabilidade dos materiais que utilizam o cimento como aglomerante (ARIF; CLARK; LAKE, 2016). Entre os diversos tipos de MCSs, os resíduos industriais são frequentemente utilizados como pozolanas, incluindo cinzas volantes de carvão, sílica ativa e resíduos agrícolas como cinzas de casca de arroz e cinza de bagaço-de-cana de açúcar (CBC) (FRÍAS; VILLAR; SAVASTANO, 2011). A CBC é resultado da queima do bagaço de cana para geração do calor e energia utilizados em uma usina de açúcar. O Brasil, o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, gera mais de 2,5 milhões de toneladas de CBC por ano (FARIA; GURGEL; HOLANDA, 2012). Visando o aproveitamento deste material pós-processamento, diversas pesquisas têm sido conduzidas sobre a utilização de resíduos de CBC na indústria de construção civil, onde a maior parte dos trabalhos se concentra na sua aplicação como um substituto de cimento (CHANDRA PAUL, et al., 2019; FARIA; GURGEL; HOLANDA, 2012). A CBC é considerada como um material pozolânico, obtido como subproduto da indústria sucroalcooleira. A CBC contém sílica amorfa e apresenta boas propriedades pozolânicas (MARTIRENA, et al., 1998; KANTIRANIS, 2004). As pozolanas tem capacidade de reagir com o hidróxido de cálcio liberado durante o processo de hidratação do cimento, formando compostos estáveis de poder aglomerante, tais como os silicatos e aluminatos de cálcio hidratados (OLIVEIRA et al., 2004). Entretanto, os diferentes processos de queima e coleta afetam as propriedades físicas e químicas da cinza.

Coisas do Brasil
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Quem topa com a discussão de Mário de Andrade em torno da origem brasileira do fado sente de imediato a mistura da pesquisa folclórica com o trabalho literário. As “Nótulas folclóricas”, entre as quais o texto sobre o fado, significam mais um ponto de convergência entre os dois campos; reforçam o que Florestan Fernandes sublinhou como traço forte do escritor modernista2. Nelas, o estilo não recalca o eu do pesquisador, o desejo insatisfeito de conhecer, como também a habilidade no manejo da expressão. Ao abrir o texto, ele balbucia: “Coisa estranha…”. A certeza precária de que o fado nasceu no Brasil provinha de um registro estatístico sobre Portugal e Algarve, de 1822, onde aquele consta como dança popular brasileira (BALBI, 1822); em Portugal, sua documentação era posterior, de 1849. Diante da republicação de um glossário de expressões portuguesas e brasileiras, também do século XIX, Mário de Andrade se inquieta e trata o caso como “bastante esquisito”. É que o fado aparece no “trabalhinho” do visconde de Pedra Branca como expressão brasileira, correspondente ao francês bonderie. Só que bonderie, embora se pareça com o verbo bondir, saltar, não se encontra nos dicionários. Mário presume que se trata de um erro tipográfico, que o “n” seria “u”, e o fado poderia ser definido como bouderie: arrufo, briguinha sem consequência, algo similar a enfado. Pra complicar a questão, “fadista” se traduz por fille publique, “mulher da vida”. Até aí nada de dança, e muito de especulação e fantasia não camufladas. O autor cogita que o visconde “tenha escutado chamar ‘fadista’ a uma ou várias mulheres visivelmente ‘da vida’ e imaginasse a sinonímia que registrou” (p. 122). O que lhe interessa é o processo semântico pelo qual o destino mau pode ter virado dança: O entremeado de incertezas e suposições mostra como pesquisa e imaginação são mobilizadas, sem a distância, que às vezes é também de classe, entre o intelectual e seu objeto de estudo. Em certos trechos, a pontuação confunde, como se o passo da dança quase se perdesse. A aliteração em fado-forró-furdunço-forrobodó tempera de libido o engenho do autor. A concordância – “gente do Brasil fizeram” – aturde o purismo letrado. O diminutivo disperso aproxima o “trabalhinho” do Visconde; simplifica a atitude do pesquisador ao chamar o próprio texto de “nótula”; torna humana e pintoresca a briguinha sem consequência que se pode indicar como “enfado”. As interrogações são muitas – “Será erro já do original ou do linotipista transcritor da Revista de Língua Portuguesa?”; “Será isso mesmo?”; “E se o nosso prezado visconde já conhecesse a palavra ‘fado’ como dança popular brasileira?” (p. 122). Do mesmo modo as modulações de cautela: “Parece mais que provável”; “que eu saiba”; “isto é pura fantasia minha”; “é possível”; “imagino pois”; “não sei se deveria dizer assim”; “será talvez preferível” (p. 122-123). Mário joga com o erro tipográfico e se apropria do francês como se fosse coisa sua3. Longe de uma soma de pormenores, o estilo mostra o método e o valor do texto. O movimento – no qual refere documentos raros, investiga etimologias, se espanta – quase faz ouvir Macunaíma falando “Tem coisa!”. Publicadas no rodapé da Folha da Manhã, as “Nótulas” formam um conjunto heterogêneo e fragmentário, dedicado a temas diversos: o aboio do gado, se é triste ou melancólico; a existência de Rudá como deus tupi (afinal, Couto de Magalhães se baseou em testemunho fiel?); o emprego de expressões corriqueiras, como “truta”, pra mentira, ou “bamba” pra sujeito de prestígio; as variações da mula sem cabeça. Mário de Andrade comenta a lenda indígena sobre as manchas da lua, o jogo do “grufim” nos velórios pobres de São Paulo, o canto da arara-canindé, corrigindo Rousseau, que o atribuía aos selvagens do Canadá. A atenção ao material folclórico, e àquilo que as palavras ensinam sobre a cultura, reflete-se no cuidado com que Angela Teodoro Grillo e Telê Ancona Lopez organizaram a publicação de Aspectos do folclore brasileiro. A edição inédita, que confirma o plano do autor, se deve a pesquisadoras dedicadas a retraçar os processos de criação do polígrafo modernista, e de instituições de pesquisa e financiamento que deram o suporte material4. Esse projeto coletivo e institucional faz lembrar a importância do respaldo público à pesquisa e à conservação dos acervos no país.

A Divina Comédia
Dante

Dante, perdido numa selva escura, erra nela toda a noite. Saindo ao amanhecer, começa a subir por uma colina, quando lhe atravessam a passagem uma pantera, um leão e uma loba, que o repelem para a selva. Aparece-lhe então a imagem de Virgílio, que o reanima e se oferece a tirá-lo de lá, fazendo-o passar pelo Inferno e pelo Purgatório. Beatriz, depois, o guiará ao Paraíso. Dante o segue. Da nossa vida, em meio da jornada, Achei-me numa selva tenebrosa, Tendo perdido a verdadeira estrada. Dizer qual era é cousa tão penosa, Desta brava espessura a asperidade, Que a memória a relembra inda cuidosa. Na morte há pouco mais de acerbidade; Mas para o bem narrar lá deparado De outras cousas que vi, direi verdade. Contar não posso como tinha entrado; Tanto o sono os sentidos me tomara, Quando hei o bom caminho abandonado. Depois que a uma colina me cercara, Onde ia o vale escuro terminando, Que pavor tão profundo me causara. Ao alto olhei, e já, de luz banhando, Vi-lhe estar às espaldas o planeta, Que, certo, em toda parte vai guiando. Então o assombro um tanto se aquieta, Que do peito no lago perdurava, Naquela noite atribulada, inquieta. E como quem o anélito esgotava Sobre as ondas, já salvo, inda medroso Olha o mar perigoso em que lutava, O meu ânimo assim, que treme ansioso, Volveu-se a remirar vencido o espaço Que homem vivo jamais passou ditoso. Tendo já repousado o corpo lasso, Segui pela deserta falda avante; Mais baixo sendo o pé firme no passo. Eis da subida quase ao mesmo instante Assoma ágil e rápida pantera Tendo a pele por malhas cambiante. Não se afastava de ante mim a fera; E em modo tal meu caminhar tolhia, Que atrás por vezes eu tornar quisera. No céu a aurora já resplandecia, Subia o sol, dos astros rodeado, Seus sócios, quando o Amor divino um dia A tais primores movimento há dado. Me infundiam desta arte alma esperança Da fera o dorso alegre e mosqueado, A hora amena e a quadra doce e mansa. De um leão de repente surge o aspecto, Que ao meu peito o pavor de novo lança. Que me investisse então cuido inquieto; Com fome e raiva atroz fronte levanta; Tremer parece o ar ao seu conspeto. Eis surge loba, que de magra espanta; De ambições todas parecia cheia; Foi causa a muitos de miséria tanta! Com tanta intensa torvação me enleia Pelo terror, que o cenho seu movia, Que a mente à altura não subir receia. Como quem lucro anela noite e dia, Se acaso o tempo de perder lhe chega, Rebenta em pranto e triste se excrucia, A fera assim me fez, que não sossega; Pouco a pouco me investe até lançar-me Lá onde o sol se cala e a luz me nega. Quando ao vale eu já ia baquear-me Alguém fraco de voz diviso perto,[6] Que após largo silêncio quer falar-me. Tanto que o vejo nesse grão deserto, — “Tem compaixão de mim” — bradei transido — “Quem quer que sejas, sombra ou homem certo!” “Homem não sou” tornou-me — “mas hei sido, Pais lombardos eu tive; sempre amada Mântua lhes foi; haviam lá nascido. “Nasci de Júlio em era retardada, Vivi em Roma sob o bom Augusto, Quando em deuses havia a crença errada. “Poeta, decantei feitos do justo Filho de Anquíses, que de Tróia veio, Depois que Ílion soberbo foi combusto. “Mas por que tornas da tristeza ao meio? Por que não vais ao deleitoso monte, Que o prazer todo encerra no seu seio?” “— Oh! Virgílio, tu és aquela fonte Donde em rio caudal brota a eloqüência?” Falei, curvando vergonhoso a fronte. — “Ó dos poetas lustre, honra, eminência! Valham-me o longo estudo, o amor profundo Com que em teu livro procurei ciência! “És meu mestre, o modelo sem segundo; Unicamente és tu que hás-me ensinado; O belo estilo que honra-me no mundo.

Artigo -- Estadão
Luiz Fernando Veríssimo

Na improvável hipótese de ser um dos convidados no almoço que lorde Ferdinand de Rothschild ofereceu à rainha Victoria na sua mansão de Waddesdon, Buckinghamshire, em 1890, você deveria ir preparado para uma experiência gastronômica memorável. A cozinha da mansão era famosa em toda a Inglaterra. Como acontecia sempre que Victoria era homenageada por um dos seus súditos, a rainha e sua comitiva comeram no salão principal da mansão e os outros convidados numa sala menor, ao lado. Começando pelos pratos de entrada – sopa rarefeita e trutas en gelèe – até as sobremesas, não se ouviu um ruído vindo do grande salão. A rainha estaria gostando da comida? Não estaria gostando? Tinha vomitado? Os pratos se sucediam sem que se ouvisse um pio vindo da rainha. Um comentário. Um grito de surpresa ou dor. Nada. Silêncio profundo. Arroz com camarões gigantes de Málaga? Silêncio. Aspargos brancos com molho hollandaise? Silêncio. Suflê poroso de claras coberto com folhas de ouro? Silêncio. Beignets vienenses com canela de Madagáscar? Nada. Finalmente, às quatro e meia da tarde, todos se convenceram que Victoria tinha odiado o almoço. Já fora embora havia muito tempo, fazendo questão de não agradecer o lorde nem cumprimentar o chef, que anunciou seu suicídio. Foi quando alguém olhou pela janela e viu que Victoria e seu séquito recém saíam da mansão, às quatro e meia da tarde! A rainha insistira em voltar para repetir, mais de uma vez, a codorna recheada com trufas e foie gras que era o ponto mais alto do menu. Desconfia-se até que levava algumas codornas na bolsa, para comer mais tarde, no palácio. Regozijo geral. Mas não estou lembrando essa bobagem pelo prazer da bobagem, ou para comparar os excessos do mundo vitoriano e a nossa inconsequência no trato com a tragédia da pandemia, que ameaça nos reduzir, todos, a relíquias de outra era. Esta é uma bobagem com uma missão, a de nos levar o mais longe possível do tétrico noticiário de todos os dias para, literalmente, pensarmos em outra coisa. E acho justo terminar a bobagem com a receita para codornas recheadas da rainha Victoria, para você pelo menos não ter perdido seu tempo até aqui. Coloque as codornas num ambiente escuro durante semanas, para engordar. Afogue-as em Armagnac. Recheie com trufas e foie gras. Coma pensando em outra coisa.

Fenomenologia e Psicopatologia em Sartre
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L'imaginaire (1940), obra extensa e densa, tem como objetivo principal descrever aquilo que Sartre indica como a função "irrealizante" da consciência imaginante e seu correlativo noemático, o imaginário. Os ares nos quais Sartre teoriza a imagem são ainda aqueles de uma psicologia definida como "ciência positiva dos fatos psíquicos e de suas leis", descartando "todo ponto de vista imediatamente prático ou estético, toda preocupação ontológica ou normativa." (CUVILLIER apud ELKAÏM-SARTRE, 2010, p. I). Urge ao filósofo, em uma clara atitude de superação dessa ciência que até então figurava como paradigma, uma concepção outra das atividades do psíquico; a pergunta essencial, portanto, é a seguinte: o que deve ser uma consciência, para que ela possa imaginar? Ou, à guisa de Sartre, "quais são as características que podem ser conferidas à consciência pelo fato de que ela é uma consciência que pode imaginar?" (SARTRE, 2010, p. 343). O que se seguirá aqui, no que diz respeito ao estatuto da consciência imaginante, ressoará ainda na ambição primeira do autor de construir uma filosofia nova e concreta, a qual, todavia, não significa um primado à matéria e ainda menos à matéria que a ciência positiva estuda.2 "Ir às coisas mesmas" significa debruçar-se na consciência intencional (toda consciência é consciência de...) e averiguar suas possíveis variações eidéticas; significa, assim, detalhar, através dos mecanismos fenomenológicos, a essência da atividade da consciência: Desse pressuposto que permeia a letra sartriana, uma nova orientação se oferecerá a toda psicologia, ou seja, deveremos diferenciar os modos de intencionalidade segundo as situações nas quais a consciência se encontra, pois a consciência é ato e não coisa inerte do mundo. Observaremos, nessa toada, que a concepção de imagem mental não é uma percepção enfraquecida, uma sensação renascente, mas, bem ao contrário, é uma variação eidética da consciência que difere radicalmente da percepção (consciência perceptiva). Todavia, como poderemos detalhar e descrever a atividade da consciência imaginante, ou seja, como poderemos fixar, fenomenologicamente (eideticamente), suas leis? É então ao método proposto por Sartre que devemos nos debruçar, neste momento, caso queiramos esgotar a amplitude de uma "fenomenologia da imagem". O método3 para a análise e fixação da essência da consciência imaginante é, como indica Sartre, o ato de refletir. A imagem somente será descrita por um ato de segundo grau, "pelo qual o olhar se desvia do objeto para dirigir-se sobre a maneira como esse objeto é dado. É o ato reflexivo que permite o julgamento 'eu tenho uma imagem'." (SARTRE, 2010, p. 15). Tal reflexão não é outra senão a reflexão eidética, agora no plano da psicologia. Como já havíamos eludido, algumas linhas acima, Sartre toma para si o que se sabe desde a filosofia cartesiana: "Uma consciência reflexiva nos entrega dados absolutamente certos; o homem que, em um ato de reflexão, toma consciência de 'ter uma imagem' não poderia se enganar." (SARTRE, 2010, p. 15). De acordo com o filósofo, a consciência imaginante se distingue das outras formas de consciência, pois ela possui, no momento de sua aparição à reflexão, certas características que a informam como tal, possibilitando um julgamento do tipo "tenho consciência de uma imagem". Se assim é, o ato de refletir tem um conteúdo imediatamente certo, que, a partir da obra em comento, chamaremos de essência da imagem; tal essência, a mesma para todo e qualquer homem, deve ser explicitada, fixada e descrita pelo psicólogo. Destarte, faz-se imperativo, antes que possamos adentrar propriamente nas sendas da teoria sartriana da imagem, convir quanto a isso: desde L'imagination (1936), o filósofo frisa que a metafísica ingênua das teorias clássicas da imagem, tanto do lado da psicologia como do lado da filosofia, operavam um embaraçoso equívoco, ao sustentarem que a imagem estava ipsis litteris na consciência, e que o objeto, por seu turno, estava na imagem. Portanto, "fazíamos da consciência um lugar povoado de pequenos simulacros, e esses simulacros eram as imagens." (SARTRE, 2010, p. 17). O que Sartre nomeia como metafísica ingênua da imagem, nos quadros de L'imaginaire, se designará como ilusão da imanência, ou seja, o hábito que possuímos de pensar no espaço e em termos de espaço.4 A teoria da intencionalidade, todavia, já nos informara acerca da impossibilidade de introduzir esses "retratos materiais" na consciência (estrutura sintética), sem destruí-la por completo.

Artigo -- Folha de São Paulo
Marcelo Viana

A pandemia forçou uma mudança radical no modo como escolas estão funcionando em todo o mundo e acredito que essa mudança será, em grande medida, irreversível. Não creio que voltaremos a ensinar nenhuma disciplina, particularmente a matemática, do modo tradicional. Aliás, não é desejável que o façamos: com a crise, vêm oportunidades de progresso que urge explorar. Por outro lado, compreender qual é o papel que as tecnologias virtuais podem e devem ter no ambiente de ensino é um desafio que ainda estamos longe de ter resolvido. A interação humana tem um papel fundamental no processo pedagógico e não é razoável pensar que a presença do professor na sala de aula poderá ser substituída no futuro previsível. No caso da matemática, a questão é particularmente crítica, porque a aprendizagem da disciplina é um processo inerentemente interativo entre a criança e o professor. Para além da questão do "como", importa também questionar "o quê" vamos ensinar na matemática daqui a 10 ou 20 anos. Para projetar o futuro, é útil analisar o passado. No início do século 20, o alemão Felix Klein (1849-1925), excelente matemático que também se interessava de maneira muito concreta pela formação de professores, compreendeu que os currículos escolares da Alemanha e outros países tinham parado de evoluir. Na sua visão, as escolas da época continuavam ensinando a matemática do século 18 ou anterior, ignorando todo o corpo de conhecimento que fora desenvolvido no século seguinte. Isso levou Klein a lançar uma iniciativa internacional visando trazer para a sala de aula a matemática descoberta ao longo do século 19, além de contribuir para adequar a formação dos docentes aos novos tempos. A revolução que ele iniciou influenciou profundamente diversos países, sobretudo os mais avançados. O Brasil, com um sistema educativo ainda precário, infelizmente, ficou fora desse processo inovador e teve que correr atrás bem mais tarde. Na verdade, continua correndo. O que Klein disse há mais de 100 anos atrás continua valendo hoje. Nas nossas escolas estamos ensinando, na melhor das hipóteses, matemática do século 19. E isso cria um descompasso entre a formação que damos aos nossos jovens e as reais necessidades para o exercício das profissões do século 21 e para a compreensão do complexo mundo que nos cerca, que é o objetivo maior da matemática. Continuarei com esse tema em breve.

Artigo
Portal G1

O Rio de Janeiro permanece em estágio de atenção neste domingo (3). A condição está estabelecida desde as 10h45 de sábado (2), quando fortes chuvas que atingiram o município e provocaram estragos em diversos pontos da cidade. Segundo o Centro de Operações Rio, o céu continuou encoberto entre a noite de sábado e madrugada de domingo, com registro de chuvas moderadas a fortes em pontos isolados do município. De acordo com o sistema Alerta Rio, o tempo permanecerá instável na cidade, devido ao transporte de umidade do oceano para o continente. Haverá predomínio de céu encoberto, com chuva fraca a moderada a qualquer momento. Os ventos estarão fracos a moderados e as temperaturas ficarão estáveis em relação ao sábado. A mínima será de 19ºC e a máxima, de 28ºC.

Gibi
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Agora vamos nos lançar sobre as letras! Quero dizer... ...o traçado delas e os critérios para usá −las! Vamos descobrir como o desenho das letras pode variar com as necessidades da narrativa. Por exemplo‚ numa fala normal de HQ‚ sem nuances‚ costumamos usar letras convencionais. É legal também usar letras destacadas em negrito para dar ênfase a trechos importantes da fala... ...e “entre aspas e inclinadas, chamadas itálicas, quando a fala é em off *” Mas o uso das letras vai além dessas situações mais comuns de uma história! O letreiramento também pode funcionar como uma extensão da imagem. Encarado como elemento gráfico‚ atua a serviço da narrativa. Vamos para outro cenário e pedir a ajuda de uma amiga. O letreiramento pode sugerir um clima emocional. Representar um som. Ou atuar como ponte narrativa. Vamos ver outros exemplos de uso de letras. Agora num ambiente completamente oposto.

Artigo -- Jornal da Ciência
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Em mesa-redonda promovida pela SBPC em parceria com o Centro Alemão de Inovação em Pesquisas (DWIH), especialistas em divulgação científica discutiram os desafios de levar a informação ao público. A pandemia do novo coronavírus acrescentou mais um desafio à comunicação da ciência, tarefa já complicada pela ampliação, nos últimos anos, de movimentos anti-vacina, terraplanistas e negacionistas do aquecimento global. O tema foi debatido nessa quarta-feira (2/12) por especialistas em divulgação científica, durante a mesa-redonda virtual “Desafios de comunicar a ciência para a sociedade”. O encontro fez parte da programação do quarto e último ciclo da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que este ano acontece em versão virtual e estendida devido à pandemia da covid-19. Promovida pela SBPC em parceria com o Centro Alemão de Inovação em Pesquisas (DWIH) de São Paulo, a mesa-redonda foi mediada pela jornalista Luísa Massarani, coordenadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INPT-CPCT). O evento contou com a participação da professora Paula-Irene Villa Braslavsky, do Departamento de Sociologia e Estudos de Gênero da Universidade Ludwig Maximilian de Munique (LMU); Viola van Melis, coordenadora do Centre for Research Communication da Universidade de Münster (WWU) e Yurij Castelfranchi, professor associado do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Viola van Melis falou sobre pesquisas daquela instituição analisando o papel da religião na integração das sociedades e afirmou que a influência dos interesses religiosos não deve ser ignorada, mas abordada a partir de ideias políticas claras. A socióloga Paula-Irene Villa Braslavsky, defendeu um trabalho focado no conceito de “tradução” em termos de comunicação da ciência, uma ideia que envolve o conhecimento em direção ao público e à sociedade civil e vice-versa, trazendo os problemas da sociedade civil para a pesquisa. “Acredito em conectar com as pessoas no dia a dia”, afirmou Braslavsky. Yurij Castelfranchi expôs o caso brasileiro onde, segundo ele, há “uma tempestade perfeita”, com crise de saúde pública, corte de recursos para as universidades e a pesquisa. Por outro lado, relatou, o povo brasileiro tem demonstrado maior confiança na ciência que em qualquer outro ator social. “Vemos que a percepção (da ciência) não depende fortemente do acesso à informação, mas sim do engajamento social e político das pessoas.” Sobre a comunicação da pandemia do novo coronavírus, Viola van Melis destacou a necessidade de explicar para as pessoas os procedimentos que envolvem a produção de estudos e artigos científicos. “É importante que a sociedade entenda melhor os métodos de pesquisa”, afirmou. Para Yurij Castelfranchi, a pandemia é uma oportunidade de “mostrar a ciência em ação”.

Legibilidade de Artigos Científicos
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A legibilidade de um documento é usualmente associada ao tipo de vocabulário utilizado. São muitos os exemplos na literatura de textos de difícil leitura, causados pela utilização de vocabulário invulgar. Por exemplo, na obra de Aquilino Ribeiro, com uma forte influência popular, cheia de provincianismos e neologismos, um leitor comum só terá possibilidade de desfrutar da sua excepcional riqueza com a ajuda não só de um dicionário mas também de um glossário adequado às obras do autor. Este artigo centra-se na leitura de textos de divulgação científica deixando de lado a escrita literária. Os artigos científicos tratam assuntos de elevada complexidade, com um vocabulário próprio, onde a legibilidade é um assunto central. O vocabulário de cada artigo encontra-se restringido às palavras-chave e a termos próprios da área ou sub-área científica, contudo a legibilidade dependerá também de outros factores. Nas três frases anteriores, a legibilidade não depende do vocabulário utilizado. Os documentos escritos com o nível de legibilidade alta podem ser lidos por audiências com qualquer nível de educação. A maior parte dos artigos científicos devem cair na categoria da legibilidade média. A legibilidade baixa é causada pelas palavras e frases longas, sendo contudo possível alterar a sua desnecessária complexidade. Para medir a legibilidade de um texto existe felizmente um conjunto de métricas, que permitem, de forma automática, avaliar o documento. No editor MS-Word em “Ortografia e Gramática” ou no Google-Docs em “Tools”, “Count Words” é possível conhecer a média de palavras por frase, ou a média de caracteres por palavra e ainda ter acesso aos índices de Facilidade de Leitura Flesch (Flesch Reading Ease) e o índice de Legibilidade de Flesch-Kincaid em Anos de Escolaridade (Flesch-Kincaid Grade Level). Na secção 2, descrevemos algumas das métricas mais conhecidas. Na secção 3, é discutida a necessidade de existirem dois limites para as métricas. Na secção 4, é apresentada uma relação entre as duas métricas que foram referidas, utilizando os dados extraídos dos artigos publicados na RCC. Finalmente, na secção 5, propomos algumas conclusões. A fórmula de Flesch-Kincaid Anos de Escolaridade (FK) [Kincaid e al. 1975] converte a legibilidade em anos de escolaridade dos EUA. Tal como em Portugal, o 4º ano de escolaridade corresponde a estudantes com 9 a 10 anos, o 9º ano de escolaridade a estudantes com 14 a 15 anos e o 12º ano de escolaridade a estudantes com 17 a 18 anos. Para estudantes no ensino superior correspondem anos de escolaridade superiores a 12. O resultado da fórmula de Flesch-Kincaid Anos de Escolaridade tem como limite inferior o valor de 0 e como limite superior valores entre 30 e 35. O valor de 0 indica uma baixa escolaridade, enquanto que os valores entre 30 e 35 indicam uma muito alta escolaridade, que corresponde a uma baixa legibilidade.

Legibilidade dos Termos de Consentimento Livre
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Os regulamentos e as diretrizes internacionais para a condução de pesquisas com seres humanos determinam que os investigadores devem obter o consentimento livre e esclarecido (CLE) dos participantes. Em alguns países, como o Brasil, o CLE é um requisito legal e deve ser materializado em documento formal, denominado termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). O TCLE é o documento que descreve a pesquisa e explica a voluntariedade na participação e permanência no estudo, devendo oferecer, de forma clara, todas as informações necessárias para possibilitar a decisão quanto à participação. As informações indispensáveis a este documento buscam conferir ao voluntário de uma pesquisa as prerrogativas para o pleno exercício de sua dignidade humana, no que tange à participação em pesquisas que envolvem seres humanos, por meio da proteção e promoção ao princípio da autonomia. A Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) define que esse documento deve incluir os seguintes aspectos: justificativa da pesquisa, métodos alternativos, riscos; assistência ao sujeito da pesquisa; garantia de esclarecimentos de possíveis dúvidas do paciente durante o estudo; liberdade de desistência em qualquer fase da pesquisa; sigilo dos dados coletados e ressarcimento de despesas ou danos. É consenso na literatura que a compreensão das informações do estudo e dos direitos do participante de pesquisa pode ser garantida mediante o fornecimento de um CLE válido. Para que se obtenha um CLE válido, torna-se indispensável que as informações aos sujeitos sejam repassadas em linguagem acessível a todos os possíveis participantes do estudo. Atualmente, muito se tem discutido a respeito da suficiência do TCLE para o esclarecimento e compreensão efetiva dos participantes de pesquisa. A literatura revela que muitos participantes, mesmo após a assinatura do TCLE, apresentam pouco conhecimento sobre as informações contidas no documento. O nível de escolaridade dos participantes de uma pesquisa tem papel fundamental na explicação acerca do pouco conhecimento das informações do TCLE, visto que vários estudos evidenciaram associação negativa entre o nível de escolaridade e o conhecimento das informações do documento. No mesmo sentido, frequentemente o TCLE pode ser considerado de difícil compreensão para vasta parcela dos participantes de pesquisa.

Livro História
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No Egito, por volta do ano 3100 a.C., Menés, governante do Alto Egito, fez a unificação dos reinos: do Alto Egito (região ao sul, com extenso vale no rio Nilo) com o Baixo Egito (ao norte em torno do delta do Rio Nilo). Então, Menés tornou-se faraó do Egito. Foi no Egito antigo, localizado no nordeste do continente africano, que desenvolveu-se um tipo de sociedade teocrática. O Faraó era considerado monarca de origem divina e proprietário de todas as terras. A sociedade egípcia compunha-se de altos funcionários do governo, sacerdotes e governadores de províncias ou nomos (os nomarcas), que tinham como base do regime de produção a servidão coletiva dos camponeses. O felá (camponês) constituía a maioria da população. Estes trabalhadores das aldeias cultivavam as terras e pagavam pelo seu uso em quantidades determinadas de cereal. Os camponeses também prestavam serviços ao Estado nas construções de canais de irrigação, diques, templos, palácios e túmulos. Recebiam por esse período de trabalho apenas alimentos. Outros trabalhadores também possuíam uma vida difícil como a dos felás, eram eles: pedreiros, mineiros, escultores, marceneiros, etc. Os escravos no Egito resultavam das conquistas dos faraós na Núbia, na Líbia e na Síria, principalmente nos séculos XV e XIII a.C. Foram utilizados nos serviços domésticos e nas grandes obras públicas. A condição de escravo doméstico era mais suave do que a dos escravos utilizados nas grandes obras públicas, pelo rigor do trabalho exigido nestas últimas. Será que existiam outros tipos de trabalhadores no Egito? Outros exemplos de sociedades teocráticas ocorreram na América, entre as civilizações pré-colombianas. A religião possuía grande importância para essas organizações sociais, o que tornou possível a formação de uma poderosa classe sacerdotal. O governo foi constituindo-se em uma teocracia centralizada, sendo as civilizações: Asteca (México), Maia (América Central e México) e Inca (Peru), os exemplos mais significativos devido ao seu alto grau de organização social. Os grupos sociais mais privilegiados nestas sociedades eram os sacerdotes, governantes e guerreiros, enquanto a maioria da população dividia-se entre camponeses livres e escravos. Você consegue imaginar como era organizado o trabalho nestas sociedades?

Manual de Segurança no Trânsito
FIAT

O Código de Trânsito Brasileiro, em seu capítulo III, define as Normas Gerais de Circulação e Conduta, estabelecendo as obrigações não somente dos condutores, mas também dos passageiros dos veículos e dos pedestres. Nos tópicos seguintes são apresentadas, de forma sucinta, as principais normas de circulação. Os deveres do condutor são os seguintes: - Antes de colocar o veículo em circulação, o condutor deve verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório. - Deve também estar seguro de que o veículo tenha combustível suficiente para chegar ao local de destino. - O condutor deve ter total domínio de seu veículo a todo o momento, dirigindo-o sempre com atenção e tomando os cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. Os veículos devem circular nas vias públicas pelo lado direito da via, a não ser que haja sinalização indicando alguma exceção. Nas vias com várias faixas de circulação no mesmo sentido, os veículos maiores e mais lentos devem usar as faixas da direita ou faixa especial, se houver. As faixas da esquerda são reservadas para ultrapassagens e circulação dos veículos de maior velocidade. Os veículos só podem transitar sobre passeios, calçadas e nos acostamentos para entrar e sair de imóveis ou de áreas de estacionamento especiais. Quando houver veículos precedidos de batedores, estes têm prioridade de passagem, sendo respeitadas as demais normas de circulação. Os veículos prestadores de serviços de utilidade pública, como companhias de água, luz, etc., devidamente identificados, também têm liberdade de estacionamento e estacionamento no local em que estiverem prestando o serviço. Esse local que deve ser sinalizado de acordo com as normas do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito).

Manual
Eletrolux

Verifique se a tensão da rede elétrica é a mesma da etiqueta do produto antes de ligá-lo. Desligue o produto da tomada sempre que fizer limpeza/manutenção. Não utilize o cabo elétrico para puxar ou arrastar o produto. Evite deixar o cabo elétrico em contato com objetos cortantes ou quinas para não danificá-lo. Nunca desligue o produto da tomada puxando pelo cabo elétrico. Use o plugue. Não prenda, torça, estique ou amarre o cabo elétrico. Se o cabo de alimentação estiver danificado, ele deve ser substituído pelo Serviço Autorizado Electrolux ou por técnicos qualificados para evitar situações de risco. Para evitar riscos de choque elétrico, não molhe, nem utilize o produto com as mãos molhadas, nem submerja o cabo elétrico, o plugue ou o próprio produto na água ou em outros tipos de líquidos ou materiais inflamáveis. Este produto não deve ser utilizado por pessoas (incluindo crianças) com capacidades físicas, sensoriais ou mentais reduzidas, ou sem experiência e conhecimento, a menos que sejam supervisionadas ou instruídas em relação ao uso do produto por alguém que seja responsável por sua segurança. Crianças devem ser supervisionadas para que não brinquem com o produto. Após desembalar o produto, mantenha o material da embalagem fora do alcance, de crianças. Utilize peças originais. Isso evita danos ao produto e riscos a quem o manipula. Conecte o aspirador em uma tomada exclusiva e em perfeito estado para evitar sobrecarga na rede elétrica e/ou mau contato na tomada. Nunca utilize o aspirador sem os filtros. Nunca deixe o aspirador ligado sem supervisão. Produtos em spray aerosol podem ser inflamáveis. Não os utilize perto do aspirador. Para produto que possui enrolador de cabo, ao acionar o pedal de enrolamento do cabo, oriente, com as mãos a trajetória do cabo, para que ele não chicoteie no ar atingindo quem o opera e/ou danificando o produto. Nunca aspire: Qualquer tipo de líquidos inflamáveis, nem brasas de pontas de cigarro, pode haver risco de explosão. Partícula de poeira muito fina, como toner, gesso e cimento: esses resííduos podem ir para o motor, uma vez que tem uma espessura que dificulta a retenção da partícula no filtro. Objetos grandes, como pedaços de tecido, pedaços grandes de papel revestimento de maços de cigarro: eles podem obstruir a passagem do ar pela mangueira. Objetos cortantes, como grampos, alfinetes, agulhas e vidros: eles podem danificar os filtros. Tubos prolongadores: Projetados para aumentar o alcance do aspirador em pisos, tetos e cortinas. Devem ser conectados aos bocais. Mangueira: Peça flexível com extensão curva. Bocal para piso: Projetado para ser usado tanto em pisos frios quanto em carpetes e tapetes. Bocal para cantos e frestas: Projetado para aspirar locais de difícil acesso, como frestas, cantos de sofás, estofamentos. Saco para pó: Projetado para reter e armazenar pó e resíduos sólidos, mantendo a parte interna do aspirador sempre limpa. Para aspirar líquidos. o saco para pó deve ser removido. Filtro permanente: Projetado para proteger o motor de impurezas aspiradas. Por isso, o aspirador nunca poderá funcionar sem este acessório. A ausência dele causará sérios danos ao produto. Bocal de sopro integrado: Possibilita a limpeza de áreas difíceis como teclados de computador e piano, entre outros. Pode ser utilizado também para inflar balões. Controle de sucção: Possibilita controlar a sucção quando estiver aspirando cortinas e estofados ou qualquer lugar onde é necessário reduzir a sucção. Bocal para estofados: Projetado para aspirar estofamento, tais como bancos de carro, sofás, cortinas, travesseiros e outros.

Mapas Conceituais como ferramenta de avaliação
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O mapeamento conceitual é uma técnica bem estabelecida que permite a representação gráfica de conhecimento e informação. Apesar de sua utilização ocorrer principalmente no âmbito educacional, os mapas conceituais (MCs) já começam a ser explorados nas corporações, visto que o aprendizado é uma atividade que deve se prolongar por toda a vida [1-3]. Os MCs são frequentemente utilizados para identificar os conhecimentos prévios dos alunos, para acompanhar o processo de mudança conceitual ao longo da instrução, para verificar a organização dos conceitos numa disciplina e para avaliar grades curriculares [4-12]. Além disso, os MCs podem ajudar no processo de arquivamento e compartilhamento de informações obtidas a partir de especialistas, bem como mediar processos colaborativos estimulando a interação social por meio da linguagem [13-15]. A aparente facilidade na elaboração de MCs é atraente para os iniciantes e pode ajudar a explicar o aumento da popularidade do mapeamento conceitual. Por outro lado, a utilização ingênua dos MCs pode produzir poucos (ou nenhum) dos benefícios esperados, restringindo sua inserção na sala de aula a experiências fugazes e lúdicas. É necessário re-examinar os fundamentos teóricos que subjazem o mapeamento conceitual para que seja possível utilizar os MCs em sua plenitude [16]. Trabalhos da literatura indicam que muitas das dificuldades observadas no uso dessa técnica devem-se à formação insuficiente dos seus utilizadores (professores, no caso das aplicações educacionais) e à desvalorização da fundamentação teórica relacionada com o mapeamento conceitual [16-17]. A armadilha colocada pela facilidade de elaboração dos MCs leva a uma série de eventos que não contribui para o uso prolongado do mapeamento conceitual na sala de aula [17]. Na intensa rotina de trabalho que um professor enfrenta, observa-se que (1) o professor opta pelo uso dos MCs para mudar a dinâmica tradicional das aulas expositivas; (2) os alunos produzem vários MCs em um curto período de tempo, devido à empolgação que eles têm frente a mais uma "novidade"; (3) o professor tem dificuldades de avaliar a grande quantidade de MCs produzidos pelos alunos, visto que o livro didático não apresenta um gabarito para corrigi-los; (4) o professor não oferece um feedback adequado aos alunos e a avaliação restringe-se à contabilidade burocrática dos alunos que cumpriram essa tarefa; e (5) o professor não encontra na sua prática docente os benefícios prometidos pelo mapeamento conceitual, levando-o a não utilizar mais essa técnica em sala de aula. Essa sequência indesejável de eventos surge devido ao desequilíbrio entre o domínio teórico e prático que é necessário para viabilizar uma utilização adequada, intencional e prolongada do mapeamento conceitual em sala de aula. Estratégias metodológicas sofisticadas, como o uso de MCs, exigem do professor mais do que uma vasta experiência profissional: é preciso conhecer as teorias que justificam as opções metodológicas para que se tenha uma aplicação bem sucedida. Além disso, é preciso considerar a sala de aula como um ambiente complexo, onde ocorrem várias interações sociais dentro de uma dinâmica peculiar de trabalho que envolve o professor e seus alunos. Por isso, além dos conhecimentos sobre aspectos teóricos da metodologia de ensino, é preciso compreender processos de gestão de uma sala de aula [18, 19]. Uma tripla aproximação teórica, considerando metodologia de ensino, gestão de grupo e mapeamento conceitual, se faz necessária para a utilização plena dos MCs no contexto complexo das salas de aula. A avaliação dos MCs é fundamental para que os alunos consigam perceber os benefícios que podem ser obtidos com essa técnica. Para isso, o professor é desafiado frente a uma tarefa pouco usual: avaliar os alunos de uma forma diferente, por meio de um instrumento subjetivo que não apresenta um gabarito para auxiliar o processo de correção. O objetivo desse trabalho é comparar a avaliação de um conjunto de mapas conceituais (n = 109) feita (1) pelo professor da disciplina (P.R.M.C.), (2) por três especialistas em mapas conceituais (B.X.V., J.G.R.Jr. e A.C.S.) e (3) pelos alunos que elaboraram os mapas conceituais. O mapeamento conceitual, proposto por Joseph D. Novak no início da década de 70, é uma forma esquemática de representar graficamente os conceitos de um determinado campo de conhecimento. O exercício de elaborar mapas conceituais (MCs) estimula a busca por relações significativas e diminui a chance da ocorrência da aprendizagem mecânica [1, 12].

Maradona
Wikipédia

Diego Armando Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960, no Hospital Policlínico (Policlínico) Evita em Lanús, Província de Buenos Aires, em uma família pobre que havia se mudado da Província de Corrientes. Ele foi criado em Villa Fiorito, uma favela na periferia sul de Buenos Aires, Argentina,[20] sendo o primeiro filho depois de quatro filhas. Ele tinha dois irmãos mais novos, Hugo (el Turco) e Raúl (Lalo), ambos também jogadores profissionais de futebol. Seu pai Diego Maradona "Chitoro" (1927–2015) era descendente de Guaranis, e sua mãe Dalma Salvadora Franco, "Doña Tota" (1930–2011), era de ascendência italiana.[21] Os pais de Maradona nasceram e foram criados na cidade de Esquina, na província de Corrientes, no nordeste do país, morando a apenas duzentos metros um do outro nas margens do rio Corriente. Em 1950, eles deixaram Esquina e se estabeleceram em Buenos Aires. Maradona recebeu sua primeira bola de futebol como um presente aos três anos de idade e rapidamente se tornou dedicado ao jogo.[22] Aos oito anos, Maradona foi avistado por um caçador de talentos enquanto jogava no clube de sua vizinhança, Estrella Roja. Ele atuou no Los Cebollitas, o time de juniores do Argentinos Juniors de Buenos Aires. Como um goleiro de 12 anos, ele divertia os espectadores mostrando sua magia com a bola durante os intervalos dos jogos da primeira divisão.[23] Ele nomeou o craque brasileiro Rivellino e o ala do Manchester United George Best entre suas inspirações enquanto crescia.[24][25] Aos nove anos, seu talento com a bola já o fazia ser a criança mais popular da favela em que morava, no subúrbio de Buenos Aires. Um colega havia sido aprovado em um teste para as categorias de base do Argentinos Juniors, e respondeu aos elogios do treinador dizendo que conhecia um garoto ainda melhor. O treinador, Francis Cornejo, deu-lhe então dez pesos para que pedisse a esse outro jovem para ir vê-lo. Cornejo e outros observadores do clube, incrédulos com o que viram no outro menino, foram acompanhá-lo na volta até a casa deste e, pedindo à mãe dele, conferiram sua documentação para desfazer qualquer engano plausível. Viram que Maradona realmente tinha apenas nove anos de idade.[26] Os pais foram então convencidos a colocar Maradona no Argentinos, clube pequeno da capital, mas famoso pelo bom trabalho que desenvolvia com as categorias de base. Com quinze anos, disputava partidas preliminares, já atraindo multidões. Quando finalmente foi lançado entre os profissionais, não saiu mais. Demonstrava um repertório completo certeiro com a sua mágica perna esquerda: lançamentos, passes, dribles curtos, chutes certeiros de curta e longa distância, cobranças de falta e escanteios. Aos dezessete anos, recebeu a primeira convocação para a Seleção Argentina, da qual foi polemicamente cortado na Copa do Mundo de 1978. 1978 também significaria o ano em que foi pela primeira vez artilheiro do campeonato argentino. Em 1979, seria artilheiro tanto do campeonato argentino quanto do campeonato metropolitano, torneio que reunia os clubes da Grande Buenos Aires e que era na época considerado mais importante até do que o campeonato nacional.[27] Naquele ano, seria eleito pela primeira vez o melhor jogador sul-americano. A dose repetiu-se em 1980: Maradona foi artilheiro dos dois campeonatos[27] e eleito outra vez o melhor jogador da América do Sul, com o adicional de ter levado o Argentinos Juniors ao vice-campeonato nacional, melhor resultado do clube até então.[27] O Boca Juniors, que não conseguia títulos argentinos desde 1976, resolveu ir atrás dele, no que era a realização de um sonho para o jogador: Maradona sempre fora um torcedor xeneize fanático. Jamais seria esquecido, todavia, na equipe que o revelou: o Argentinos renomearia seu campo para Estádio Diego Armando Maradona.

Artigo -- Portal GGN
Luís Nassif

Um dos bordões mais exasperantes do jornalismo econômico atual, é a correlação automática entre Lei do Teto e investimentos. Repete-se à exaustão que a manutenção da Lei do Teto é essencial para a volta dos investimentos. Se a Lei do Teto for respeitada, os investimentos voltam e o Brasil será salvo. E vice-versa. Há uma ignorância ampla sobre as diversas formas de investimento. Há duas formas de investimento, uma está diretamente relacionado com crescimento da economia; a outra é um mero movimento especulativo, de compra de ativos já existentes. O investimento relevante é o que aumenta a capacidade produtiva instalada. Significa aumento da produção, do emprego, da compra de insumos etc. Ora, uma empresa irá aumentar a capacidade produtiva apenas se a produção atual não atender a demanda. Mede-se essa capacidade através dos indicadores de utilização do nível de capacidade instalada. Enquanto houver ociosidade nas indústrias não haverá investimento. Quando a capacidade instalada estiver perto da ocupação total, deflagra-se o processo de investimento. Depois, ele analisará o cenário à frente, os riscos de inflação e os movimentos do dólar. Mas o ponto central é a demanda. Portanto, se uma determinada medida da Economia afeta a demanda, obviamente afetará o investimento. É o caso da Lei do Teto. Quando reduz os gastos públicos, afeta imediatamente a demanda privada. Se afeta a demanda privada, reduz ou inverte o ritmo de crescimento da demanda. Se reduz a demanda, reduz a possibilidade de novos investimentos. Portanto, não dê crédito ao jornalismo que reduz todo o processo de criação de investimentos à Lei do Teto. Então por que essa história de que a Lei do Teto é essencial para trazer investimentos? Porque está se referindo ao investimento especulativo, o que entra exclusivamente para adquirir ativos já existentes, esperando sua valorização e, portanto, com reflexos mínimos no nível de crescimento da economia. Não será aplicado na compra de máquinas novas, na ampliação da capacidade instalada. Apenas permitirá a venda de ações já existentes. Por isso mesmo, quando Paulo Guedes diz – e os papagaios repetem – que sem Lei do Teto não virá investimentos e o país acabará, é um blefe primário. Jornalista que cai nessa é jornalista de segunda classe. A Economia adota medidas que atrasam investimentos produtivos, para beneficiar investimentos financeiros, sem nenhum impacto sobre nível de atividade, e se diz que sem esses investimentos, o país acaba.

Pai Nosso das Crianças
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Tratei os outros com falta de compreensão e de paciência? Manifestei-lhes aversão, desprezo ou irritação? Tive inveja? Falei mal da vida alheia, divulgando defeitos ou pecados dos outros? Fui egoísta, pensando só nas atenções que os outros deveriam dar-me, e esquecendo-me de ser prestativo, generoso e dedicado? Admiti sentimentos de ódio, rancor ou vingança? Magoei alguém com brincadeiras e comentários humilhantes? Fiz o possível por auxiliar os que precisavam de uma ajuda em casa? Rezei pelos outros e procurei aproximar algum amigo de Deus? Esforcei-me por melhorar hoje em alguma virtude? Procurei cumprir com perfeição os meus deveres familiares sem cair na preguiça, no desleixo, no adiamento? Consenti em pensamentos, palavras ou atos de orgulho, vaidade, preguiça, sensualidade ou avareza? Deixei-me arrastar pela curiosidade e por desejos impuros? Fui pouco sincero? Cheguei a mentir? Dediquei algum tempo a práticas cristãs, como a meditação, a leitura do Evangelho, o Terço, etc.? Recorri à intercessão de Nossa Senhora, em minhas necessidades espirituais e materiais? Meu Deus, porque sois infinitamente bom, tenho muita pena de Vos ter ofendido. Ajudai-me a não tornar a pecar. Eu Vos adoro, meu Deus, e Vos amo de todo o coração. Dou-Vos graças por me terdes criado, feito cristão e conservado neste dia. Perdoai-me as faltas que hoje cometi e, se fiz algum bem, aceitai-o. Guardai-me durante o repouso e livrai-me dos perigos. A vossa graça seja sempre comigo e com todos os que me são caros. Amém. Meu Deus, dai-me luz para conhecer os pecados que hoje cometi, as suas causas e os meios de os evitar. Comecei o dia oferecendo a Deus todos os meus pensamentos, palavras e ações? Fiz algumas outras orações durante o dia: agradecendo, pedindo, oferecendo a Deus o trabalho bem feito, aceitando com fé os sofrimentos e contrariedades? Nos domingos e festas de guarda, cumpri o preceito de assistir à Santa Missa? Evitei comentários negativos sobre assuntos ou pessoas relacionadas com a Igreja? Caí em alguma prática supersticiosa? Fiz alguns pequenos sacrifícios no comer, no beber, nas conversas, na guarda da vista pela rua? Meu Deus, creio firmemente em tudo o que a Santa Igreja Católica crê e ensina, porque Vós o dissestes e porque sois a própria Verdade. Meu Deus, apoiado nas vossas promessas e nos méritos de Jesus Cristo, espero com firme confiança, me dareis a graça de obedecer sempre aos vossos mandamentos neste mundo e por esse meio alcançar a vida eterna. Meu Deus, Vós sois digno de todo amor por vossas perfeições infinitas. Amo-vos de todo coração, e amo o meu próximo como a mim mesmo, por amor de Vós.

Poema
Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo.

Em construção ..........
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